O NOVO MARCO DIVISÓRIO DO CALENDÁRIO OCIDENTAL (mesma voz do locutor que diz: “Dia 11 de setembro, não marque nada. Salvador vai explodir. Reino do Arrocha”).
2005 poderia ser mais um aninho chumbenga, sem grandes novidades, um vestibular aqui, uma decepção acolá, mas a conjunção dos astros trouxe a Terra, ou melhor, a este terráqueo que vos fala (vos? Né nem te!) a inspiração máxima. Não foi apenas a fantástica releitura de sucessos como “Passarinho da Paz” e “A Verdade Sobre Hylo”, mas sim a maior obra já produzida pela cultura ocidental do Ocidente (aquela que não é a do Oriente). Refiro-me ao “Experimenta” e ao “Guitarra Dadaísta”. Não é somente um álbum duplo de dois nomes, tampouco é somente um álbum duplo com dois trabalhos. É mais do que uma flor dos trópicos banhada em orvalhos celestiais (lembrei agora daqueles incríveis versos de Lobão do primeiro ano que eu deveria ter musicado). Não vou dizer que só havia trevas, mas a luz que havia e que antes parecia forte foi engolida por outra nunca vista antes. Ficou provado que não se precisa de Fenders e Marshalls e tampouco escalopas na guitarra, mas apenas de uma Eagle Stratocaster enferrujada, um cube 60 Wattsom e um pouco de faustosidade. Nas universidades de música passou a ser ensinado que para ser um novo Fausto, não precisava aprender modos gregos, harmonias etc. e sim, apenas, compor e tocar como Fausto.
O que é a ópera Efeitolândia se não a conjunção perfeita dos sons universais deste e de qualquer universo? Não é uma mera síntese da cultura negra e branca numa explosão de cores e de alegria, como disse sabiamente o meu amigo Caetano Veloso sobre “Passarinho da Paz”. Efeitolândia é toda a resposta para qualquer pergunta. É a teoria do tudo. É a síntese da existência. Quem diz que não, é besta (alguém já disse essa frase. E com o Português “culto”). Já dizia eu: “Meu som é a liberdade sonifiquiçada em forma de som!”. Meu som é a contradição. Meu som não são minhas palavras e o são. Meu som é bosta. Meu som é porreta! Meu som é carreta! Meu som é tudo. Meu som não é nada. Meu som é nada. Meu som sequer é ou foi. Meu som está? Meu som é você. Meu som é perneta. Que artista alcançou essa concepção? Digo logo que eu não fui, para assim poder alcançá-la. Meu som não é nada disso, mas também não é nada daquilo, muito pelo contrário até. Sorvete de chocolate? Com calda ainda? Compre outro! Qualquer um. Rio (verbo?), mas não quero ser Sylvia Saint.
Foi no mês de junho o rascunho, foi no mês de agosto o esboço e veio a mim em setembro o grande rebento. Estava pronto, estava vil e quem não viu, estava tonto. Ou então o é. Férias estimulam o ócio criativo (Quem foi o asno que disse isso? Grande asno!). Minha mente estava enfim limpa para ser preenchida pela glória. E qual não foi minha surpresa quando ordenei a Maomé que atravessasse o Farol Vermelho? Sim, fui sapeca! Meses de intenso êxtase, num vai-e-vem de idéias e sais minerais. Me diverti? Sim, não nego. Era um dever? Não, admito que não. Oh pobre cultura judaico-cristã-ocidental! Sempre imersa na idéia de que toda redenção exige o calvário (Como se essa fosse a pior. Quem dera!). Todos esses vestígios provam a mixuricidade do Iluminismo. É por isso que o calendário agora passou a ter sua ênfase na música (afinal, não é uma mera obra de arte, música é apelido). Alguns o dividindo entre antes e depois de “Efeitolândia” e outros usam como marco o “Guitarra Dadaísta” inteiro mesmo. Sou Destruidor. Matei Donatelo e toda sua corja! Mostrei a todos de onde vieram (Donatelo não!). O rei está nu. Eu sou o rei. Eu estou nu? Não. Não. Não. Pedro negou Jesus três vezes segundo os matemáticos da época. Dá pra confiar nessa gente? Naquela época o ensino público era meio fraquim.
Beethoven era genial, Dream Theater, legal e Tayrone Cigano tocava um ritmo gostoso que ia te conquistar, mas eu tenho o que nenhum deles tem. Não falo da Digitech RP200. Grandes coisa... Só digo que achei. Achei tudo aquilo que ninguém perdeu! Deve-se concluir que eu sou o gênio da música? “Só uma anta concluiria tal antisse, sem querer ofender a pobre da anta.” (Clóvis – o criador das melhores frases que já anotei. E são muitas).
Texto escrito em 25-26/02/2006.
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