
Episódio XX: Eu iria começar esse capítulo de uma forma muito boa. Juro. Sei que isso nunca acontece, mas juro que ia. Até ontem, às 15 horas, eu lembrava perfeitamente de como iria começar esse episódio. Só que minha memória... Ao menos lembrei do fim. Tomara que eu não esqueça durante os próximos parágrafos. Mas vamos aos brigadeiros... (Estou lançando essa nova expressão aí pra galera. Tomara que pegue e eu me beneficie financeiramente de alguma forma)
O último episódio é rápido e caceteiro. Ritmo dinâmico que conduz ao gran finale:
Cena I - Estalos: Alexsofu não estava satisfeito. Sentia-se muito confuso. Foi então que teve o segundo estalo. Olhou para o grão-marechal Adis Adeba e balançou a cabeça em reprovação. Adis Adeba "engoliu seco" e virou a cara. Alexsofu é levado para a prisão de segurança máxima.
Cena II - Cárcere: Cena da foto. Zwangsgewalt sente que colocou os malfeitores nos seus devidos lugares. É promovido a agente carcerário provisório e não cabe em si de tanta honra. Lembrou-se dos seus melhores tempos, de quando era oitava série. Era o mais estudioso, mais simpático, mais bonito, mais pegador, (também era o artilheiro do seu time e campeão de W11) mais forte, mais rápido, mais perspicaz, mais perseverante, mais honesto, mais gente boa, mais supimpa do seu Estado (pelo menos esse era o universo de pesquisa das universidades que concluíram isso tudo). Comparou os momentos antigos com este de agora e chegou a conclusão de que havia chegado no ápice. Mas sua obediência cega às leis, regras e autoridades era mesmo um atestado de competência. Na cabeça dele sim, mas e na minha? E na sua? E na de Alexsofu?...
Cena III - Servo da ordem: "Está cometendo uma injustiça!" Bradou Alexsofu contra Zwangsgewalt. Este o ordenou que se calasse e que todo o direito que tinha era o de ser julgado pela corte e o de permanecer calado. O pensamento de Zwangs naquele momento se resumia a ele e a lei. Ele certamente até achava que Alexsofu era mais que culpado, mas não estava nem aí pra isso de justo ou injusto no momento.
Cena IV - Julgamento: Dia 26: A prova era irrefutável. Estava tudo muito claro. Alexsofu servia a interesses indignos até para um quadrúpede. Logo, não houve discórdias após o juiz decretar a sentença.
Cena V - Não podia faltar o... : "Parem este julgamento!" É o grito que ecoa dos fundos. Numa daquelas clássicas (pois "manjadas" pega mal) cenas em que um apressado ser humano abre as portas de um recinto de julgamento; diz, suado e ofegante, que tem algo a dizer e todos olham para trás exclamando um "ohhhhhh". Juiz Keen até argumentou que a ordem era inútil e o julgamento já havia acabado. Mas, e daí? Todos queria ouvir o que o grão-marechal Adis Adeba tinha a dizer (afinal, quem não gosta de quebra de protocolos, suspense e movimento?). Alexsofu principalmente. Ele nunca entendera (depois do segundo estalo) porque o grão-general não o ajudou, afinal, nele sozinho ninguém acreditaria. Além disso, mentir para escapar de uma acusação pode agravar gravemente a pena de acordo com o regimento militar das Forças Adjacentes e ele temia isso. Alexsofu já estava pensando em tentar, mas, além de tudo, não tinha certeza de que seu segundo estalo era mesmo referente a algo real ou apenas uma invenção esquisita causada pelas substâncias alucinógenas que ele costumava usar (na verdade lambia sapo do colorado, reconhecidamente alucinógenos, trazidos de Queensland, Austrália. Era algo bem discreto. Ninguém suspeitava do que se tratava). E se fosse apenas mais uma invenção inconsciente? Preferiu não arriscar, pois, como já foi dito, poderia agravar a sua pena. O certo é que agora ele sentia que estava certo e que não tava doidão.
Cena VI - O Relato: "Graças a Deus estou vivo. Sei que vocês estão surpresos, mas já saí de comas alcoólicos piores! Vocês também devem estar surpresos por eu estar aqui, de cueca, pedindo pra não julgarem este rapaz ainda. Pois bem, explico. Eu já tava muitcho doidho quando o Zwangs gritou não sei que lá do papel holandês naquela noite. Tentei associar algo com algo. Lembro de ter visto o pessoal levando o Alexsofu pra prisão preventiva, mas algo me dizia que tinha algo de errado naquilo. Não lembrava o que era, tava muito doido, mas sabia que tinha e fiquei angustiado quando ele olhou pra mim parecendo esperar que eu fizesse algo. Bebi um pouco mais pra ver se lembrava, ou entendia alguma coisa da situação. Aí que deu m****! Não lembro mais de nada depois. Só sei que acordei nestante, não estou mais avoado e, graças a Deus, lembrei do que tentava lembrar logo após abrir os olhos. Já sei o que aconteceu. Sabia que não podia perder tempo. Imaginei que vocês já estariam aqui julgando o rapaz, levantei rapidamente da cama e não pensei em mais nada, vim correndo o mais rápido possível a fim de evitar a grande injustiça. Vocês entenderam tudo errado a respeito desse inocente rapaz, um bom selvagem, afinal, os senhores não sabem das coisas que eu sei a respeito dele. Na verdade...
Cena VII - Rebuliço: O juiz tentava controlar o tumulto e a gritaria, mas depois de ter fraturado a sua mão com potentes marteladas na mesa com o intuito de conseguir silêncio, desistiu e resolveu tirar uma sesta enquanto as coisas não se acalmavam. A platéia estava dividida. Metade queria condenar Alexsofu e a outra metade absolvê-lo. Este último grupo acreditava, sem contestação, nas palavras de Adis Adeba, mesmo ele não tendo explicado o porquê de sua afirmação. "Se ele diz que o cavernoso é inocente, então é porque ele é, p****!" O grão-marechal era tido por todos como homem probo, honesto e incorruptível. A parte da platéia que queria condenar Alexsofu alegava que o grão-marechal, embora não estivesse mancomunado com o inimigo, ainda estava claramente bebado e inventando contos que o fizessem crer que era um herói. Coisa de bêbedo mesmo. As partes não se entendiam. A decisão judicial não tinha mais nenhum valor depois da surpreendente intromissão. O que importava agora era o que cada um entendia como justo. Cadeiras voavam. Sangue, muito sangue! O famoso quebra-pau generalizado. A mais velha e tradicional maneira de resolver pendengas. Zwangsgewalt ficara confuso e sem ação diante de toda aquela atrocidade cometida por todos os presentes contra a ordem. Ele lamentava a situação em pensamento: "E pensar que tudo isto aqui poderia ter sido evitado caso Adis Adeba não tivesse falecido logo quando ia revelar a tal da verdade. Ainda que acreditassem que ele estava bêbado, bastaria esperar uns dias e perguntá-lo novamente qual a tal verdade. Se ele estava bem ou se foi tudo uma invenção. Agora ninguém quer esperar. Não há mais como provar nada. A dúvida reina e a barbárie impera."
Cena VIII - Run To The Hills: Alexsofu pode ser burro e selvagem talvez, mas não é besta. Além disso, tem instinto de sobrevivência aguçado por anos na selva. Um quebra-pau retado, juiz dormindo, alguns tão inflamados que já queriam matá-lo ("É tudo culpa daquele corno ali!") pra resolver tudo logo, seguranças tentando pacificar a situação e Zwangsgewalt pensando na morte da bezerra...
Cena IX - Agora vai?: "Cadê aquele 'fio da égua'?" Dez minutos após Alexsofu passar o sebo nas canelas (expressão surgida na época dos escravos. Eles passavam sebo nas canelas para avançarem mato a dentro em velocidade e sem sentir dor nas pernas quando elas batessem nas folhas e insetos) em direção as colinas que só ele sabe escalar. "Diabo! O cabra sumiu!" Aos poucos, todos começaram a perceber que o motivo da briga havia picado a mula e já se encontrava bem longe, sabe-se lá onde (eu sei), dali. A todos os presentes isso pareceu um motivo razoável para se interromper abruptamente a pancadaria geral. Não havia mais motivo para tal. Todos atônitos. Ninguém sabe o que fazer. Eis que chega o grão-duque-marechal-geral das Forças Adjacentes, o mexicano Paul Torrado. "Mas que diablos se pasa aquí? Parece até que eston en la playa!" Praticamente todos reconhecem o chefe supremo que antes só viam por fotografias e ficam de joelhos. "Bundulundungum me dise qué viesse rápido y no entiendi nadie. Chego aquí e acho isso. Qué se passa?" O comandante botswanês explica à eminente figura que descobriu-se, na noite de natal, que Alexsofu era, na verdade, um traidor e narra todo o acontecido até o presente momento. "Dios! Adis Adeba es miesmo un tapado! Me dise a min que habia tenido un éxito completo. Me despreocupé. Debe terner sido después de la cachaça. Cretino!" Eis que Bungulungudum pergunta: "Devemos organizar uma expedição para encontrá-lo e prendê-lo?" "No! Estás loco? Y miesmo que quisésemos, no más encontraríamoslo" responde rispidamente Torrado. "Por otra parte, ustedes aunque no saben de la vierdadera verdad! Yo voy les contar..."
Cena X - Agora com tradutor: "No se puede... Ops... Não se pode tirar conclusões precipitadas como vocês tiraram. Tudo era um plano meu e do grão-marechal Adeba. Nós contratamos (capturaram na verdade) Alexsofu, educamos ele, combinamos um plano e jogamos ele próximo a selva holandesa. Os holandeses o acharam, acharam que educaram ele e que ele iria trabalhar para eles. O plano que combinei com Alexsofu era o seguinte: ele iria se infiltrar, do modo como de fato aconteceu, investigar tudo o que pudesse, iria dar um jeito de pedir, após ganhar confiança e parecer já civilizado aos holandeses, para trabalhar de espião para eles. Ele iria dar essa idéia. Os holandeses iriam achar uma boa e mandar Alexsofu de volta para nós em segurança, achando que ele ia nos espionar. Era o modo que eu tinha de mandar um espião e recebê-lo de volta sem perigo. Se ele fugisse sem dar explicações ficaria marcado ou mesmo poderia acontecer alguma coisa na fuga. Fazia parte da parte seguinte do plano mandá-lo para destruir a terrível ameaça, caso ele chamasse a atenção e fosse pego durante essa fase e antes de eliminar o alvo, o que ainda bem que não aconteceu, poderia, ainda, usar a desculpa de que voltou, com um amigo, do seu trabalho de espionagem e passar informações quaisquer pra tapear os holandeses, o que não precisou. O negócio deu certo, Alexsofu voltou em segurança, só que o burro não tinha anotado (nem na mente) os detalhes da base deles. Ele havia esquecido. Por isso, mandei o incompetente a um lugar próximo para tirar fotos da base pelo alto e ver seus detalhes com o binóculo, lembram? Quando reuni todas as informações necessárias, ordenei a batalha final e os dois guerreiros deram conta do recado. Encarreguei Adeba de explicar tudo isso que estou explicando agora, mas o idiota começou a beber antes do final da batalha. Aí não dá! Quis manter em segredo para que houvesse o menor risco possível dessa informação cair nas mãos do inimigo. Vai que eles tivessem um espião também entre nós? Ou mesmo um tagarela saísse espalhando por aí? Devido a isso, ficou tudo entre mim e Adeba. Sobre Alexsofu, pensei que esse negócio de ressocialização fosse algo mais simples. Sinceramente, não esperava que ele desse uma louca e matasse Matossas naquele dia, mas como ele era essencial ao plano, o Adeba tomou a correta decisão de não puni-lo, mas também não precisava exagerar condecorando-o. Não sei o que é que o Adeba tinha na cabeça! Estranho foi que o Alexsofu não se defendeu nenhuma vez da acusação pelo que Bulundungunlum acabou de me contar. Foi isso mesmo? Nem depois que o Adeba faleceu, segundo vocês, a minutos atrás? Ele sabia que o Adeba ia revelar tudo logo após a batalha final. Depois que ele caiu duro, Alexsofu devia ter gritado a verdade que Adeba não pôde contar. Vai ver ficou com medo de ninguém acreditar nele, se assustou coitado. Pode ser também que Alexsofu esteja confuso com as mudanças rápidas ao ponto de nem ele mesmo saber de que lado está afinal. Eu deveria ter me preocupado com isso, desconfiado de que um ex-selvagem poderia ficar meio maluco com tão modernas táticas de combate. Ele deve ter concluído que era melhor voltar a vida de selvagem e achá-lo de novo será quase impossível. Uma pena!"
Cena XI - Welcome To The Jungle: Alexsofu está de volta ao lar. Cansou daquela doideira. Já se passaram quatro dias desde que deixou a tal civilização. Quatro dias de paz. Pra ele tava ótimo, nada pra reclamar. Ficou esses dias sem lamber sapo alucinógeno e teve certeza de que era inocente e de que o segundo estalo fora real, mas, decidiu que mesmo que não houvesse risco de voltar (pensou que certamente não haveria, pois, a uma altura daquela, Torrado já haveria de ter explicado tudo) ficaria na selva mesmo. Era tudo bem menos complicado. Achava os homens da selva de pedra meio "desevoluídos". Seres confuseiros mesmo, que não entendem o simples do simples. Haviam convencido ele de que aquilo tudo do mundo civilizado era legal. Ele, por ser um rapaz meio curioso e ingênuo, botou fé e experimentou. Agora fez sua escolha. Certamente definitiva.
End Scene - Festa: Como toda boa (boa?!) novela da Globo, esta aqui também termina numa festa feliz com todo mundo comemorando a beleza que é a vida. Uma celebração linda de fazer até Nietzsche chorar (do que trata aquele livro "O dia em que Nietzsche chorou"?). Depois da tragédia do julgamento (dez mortos e dezoito feridos gravemente) nada melhor que uma festa de comemoração por tudo ter se esclarecido. Até brinde a Alexsofu teve. Pena que Zwangsgewalt não gostou e tomou os copos de quem brindou e quebrou violentamente todos eles nas cabeças dos animadinhos. Ora, foi ele quem deu o golpe de misericórdia na batalha e tudo. Além disso, Zwangs é tão chato que dói. Alguns acharam que ele tinha razão, outros acharam um exagero. Os grupos se dividiram numa discussão que... Digamos... Evoluiu para uma batalha com garrafas, socos, pontapés e golpes baixos.
O time anti-Zwangsgewalt estava levando uma porrada feia, afinal, Zwangs luta feito o demônio, mas... Eis que surge velozmente das selvas, tal como uma ave de rapina, Alexsofu! Pois, ele já chegou foi de voadora, bagunçando geral e equilibrando a parada. Bem, pode-se dizer que desde então... TODOS VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE!
FIM
Moral da história: Como diria o grande mestre do humor trash: Uma coisa é praticamente uma coisa. Outra coisa é praticamente outra coisa!
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