quarta-feira, setembro 06, 2006

EPISÓDIO VII


Episódio VII: O olhar do terceiro elemento nos diz muita coisa. Frio e calculista, ele desempenha um papel importante na trama. Fora escalado por Sissoko e Bungunlundulum para observar de perto o desempenho de cada um dos guerreiros no cumprimento de seus papéis na missão idiota que antecederia a grande missão. Deveria o terceiro elemento segui-los sorrateiramente, anotar seus erros e acertos para que pudesse mais tarde fazer com que ambos trabalhassem numa equipe invencível com ele próprio a partir de uma estratégia mortal. O terceiro elemento era, portanto, um experiente estrategista observador. Unindo-se a habilidade dos três, os marechais espanhóis (superiores hierarquicamente aos panamenhos que mandavam nos albaneses que mandavam nos moldavos que mandavam nos botswaneses) calculavam que a vitória era inevitável.

O terceiro elemento não somente fez importante anotações, como também tirou as fotos que já foram suficientemente (ou talvez não) analisadas aqui inclusive. Pois, essas mesmas fotos chegaram às mãos do Alto Comando mongol (ao qual eram subordinados os marechais espanhóis) que passou a observar mais de perto os movimentos exóticos do segundo guerreiro, a habilidade de Alexsofu no manejo de burros indóceis e a feição dele, de dedicação ao trabalho. Talvez agora já tivessem total confiança de que Alexsofu não mais era um "selvagem" sem rumo. Suspeitavam de que já era possível que Alexsofu, graças à sua fiel dedicação, não criasse empecilhos ao trabalho em equipe. Mas, afinal, o homem é ou não é um ser que necessita viver em sociedade?

Antigamente, lá nos tempos do metido a sabe-tudo do Aristóteles, era até imaginável um homem viver isoladamente. Refletindo nas montanhas, passando o dia todo na floresta densa fazendo não quero saber o que, etc. Hoje, é algo meio difícil. Até existem comunidades isoladas, mas indivíduos... Acho bem difícil. Acredito que não devido ao crescimento populacional. Não foi bem isso que encurtou a distância entre os homens, mas sim o advento da nova ordem socioeconômica. Tecnologia baby! (estou ouvindo B.B.King). Ainda que no tempo do Ari as coisas fossem diferentes, foi ele mesmo quem começou com essa conversa de que o homem era naturalmente sociável (e um ser político também) , que só podia alcançar as suas mais elevadas aspirações através da vida em sociedade, tá tudo lá naquele livro bem conhecido nele e de nome um pouco preguiçoso: "Política". Hoje, louva-se a Aristóteles incessantemente. Afirma-se até que a intensificação das relações sociais é uma constante consolidada e que decorre do nível cultural cada vez mais elevado do pensamento humano. Ai ai, esses neo-evolucionistas disfarçados... O interessante é notar que eles têm muitas semelhanças com seus arquiinimigos, os conservadores. Estes últimos se esqueceram de que David Hume e depois Popper conseguiram desmistificar a muito tempo o indutivismo. Dá só uma olhada na definição de conservadorismo do Wikipedia: "O conservadorismo é uma corrente político-filosófica que defende que as melhores instituições não são aquelas que resultam de projetos feitos a partir do nada, mas sim de uma evolução gradual e “natural” ao longo dos séculos." Quando Darwin faz algo semelhante eles vão e esperneiam... Bem, o essencial é que sempre duvidei (como se eu fosse algum ancião...) de explicações unicausalistas para estes e quaisquer assuntos (embora a ajuda de Samuca Life tenha sido interessante). Ah, não sou inimigo da simplicidade, tampouco da complexidade (tá bem, eu não gosto muito disso que achamos ser complexo).

Escroto é Hobbes. Diz ele que o homem é um descarado que só se junta com os outros pra tirar proveito, isso sim. Para o filósofo absolutista, o homem é um safado que sabe mesmo é fofocar e zombar dos outros. Quando eu observo que as pessoas não costumam fazer auto-elogios escancarados, mas não exitam em criticar as outras pessoas percebo todo o maquiavelismo dessa galera humana (é, um pronome qualquer e o resto). Assim fingimos modéstia ao mesmo tempo em que aniquilamos um adversário. Yes! (Yes é legal! Close To The Edge então...) By the way, adoro brincar de Nietzsche! Sou quase um aprendiz de cover de Nietzsche paraguaio. Hobbes acha ainda que sem o Estado a humanidade ia é pro beleléu. Nesse caso, creio que ele andou assistindo a novelas mexicanas (ou equivalentes) demais, se é que me entendem. Bem, Hobbes responderia que Pierre, Rousseau e fascínoras semelhantes colocaram idéias erradas na minha inocente cabeça. Não sei. Só sei que não gosto daquelas historinhas de monstro que ele criava. Era um megalomaníaco equivocado. Tanto que o absolutismo foi uma merda pra humanidade, com todo respeito aos sanguinolentos monarcas da época. Mas que ninguém pense que sou anarquista. Sou torneiro mecânico. Ah Lula, seu maquiavélico! Vai ganhar a eleição com folga. Bem, o que eu me parece boba, má e feia é essa afirmação de que o Estado e outras instituições responsáveis pelo controle social são a solução para o descaramento da humanidade em seu estado natural. Se eu acho a humanidade descarada? Bem, essa pergunta exige um livro. Deixa quieto.

Não sei e gostaria de saber o motivo pelo qual o grego das antigas Epicuro de Samos, importante influência filosófica de Xuxa e Ozzy Osbourne (aliás, Epicuro é o filósofo mais influente na atualidade e cabou) dizia que o homem não era um ser sociável. Não que ele estivesse errado. Só curiosidade mesmo. Sei pouco sobre Epícuro.

Sabe qual é a minha conclusão? A de que o ser humano é um bicho esquisito. Nenhum outro bicho fica se preocupando em saber quem ele é, o que é o mundo e sabe-se lá mais o que (não.Os bichos não ligam pra isso. Né possível...). Eu devia estudar biologia, zoologia, psicologia, essas coisas. Também há muita coisa interessante. Tem gente que diz que filósofo é tudo burro. Talvez haja alguma lógica nisso, mas precisa-se de muita filosofia pra se chegar perto de tentar provar essa afirmação...

Conclui-se que o caso de Alexsofu tá sem muita perspectiva, portanto, não perca o próximo episódio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário