terça-feira, setembro 12, 2006

PARÁGRAFO ÚNICO: Leitura obrigatória


IMPORTANTE!!!!!

ANTES DE QUALQUER COISA, LEIA:

O CONSELHO PARA OS DESOCUPADOS QUE ESTÃO AQUI É O SEGUINTE: NÃO VEJA AS FOTOS DOS CAPÍTULOS ANTES DE LER O TEXTO DE CADA FOTO! CASO O CONTRÁRIO, VOCÊ SACA O FINAL E O CONTEÚDO SURPREENDENTE DA TRAMA ANTES DA HORA E A FOTO-NOVELA PERDE 50% DO SEU GOSTO.

RESUMO DA ÓPERA: NÃO VÁ BAIXANDO A PÁGINA E VENDO A SEQÜÊNCIA DE FOTOS ANTES DE LER OS TEXTOS RELACIONADOS A CADA FOTO!


AHOLA!


OBS: Postagem nova agora só em OUTUBRO! A cota de setembro foi esgotada com a trama.

sexta-feira, setembro 08, 2006


Aqui começa uma interessante foto-novela de Natal. De longe a pior coisa que já se fez nesse ramo, mas ainda assim é linda. Tudo começou na ceia de natal de lá de casa no ano de 2004 (eu acho).

Episódio I: Um dos guerreiros chega em seu meio de locomoção e já sabe da difícil tarefa que terá de encarar...

EPISÓDIO II


Episódio II: No olho do guerreiro transparece uma falsa inocência que tem por objetivo lubridiar o inimigo.

quinta-feira, setembro 07, 2006

EPISÓDIO III


Episódio III: O segundo guerreiro está também a caminho. Porém, não se sabe ao certo se ele corre estranho ou apenas fazia pose. Nota-se facilmente que ele traz o livro "Em Liberdade" de Silviano Santiago o que provavelmente tem muito a ver com sua missão. O brilho em seu olhar demonstra que ele esperava ansiosamente pelo momento que está por vir. Relacionando-se o livro com o estranho movimento pode-se especular um desejo íntimo de voar. Afinal, que coisa representaria melhor a liberdade? Bem, mas antes de qualquer coisa, o que é a liberdade?

A liberdade para John Locke (não o de Lost) consiste num poder que o homem tem de obrar ou de não obrar conforme o que lhe inspira a sua razão. O filósofo associa liberdade e propriedade, já Rousseau, liberdade e igualdade. Para Locke, a liberdade é consciência duma particularidade, para Rousseau é em primeiro lugar solidariedade. Ainda segundo Locke, a liberdade é um bem que protegemos, já Rousseau pensa que é uma possibilidade que realizamos. Em Kant a liberdade é a liberdade de agir segundo as leis. "Assim, uma vontade livre e uma vontade subordinada as leis morais são uma e a mesma coisa." Por sua vez, o filósofo francês Montesquieu acredita que a liberdade consiste essencialmente na segurança. Um pouco diferente é a concepção de Marx e Engels. Eles conseguem superar dialeticamente a antítese entre liberdade e necessidade. Para os filósofos, a liberdade é caracterizada como consciência da necessidade, assim como a conceituou Spinoza, e histórica como a caracterizou Hegel, só que a consciência, para Marx e Engels “é o processo da vida real”. A liberdade seria, por conseguinte, a consciência histórica da necessidade. Por último, o pensador Falcão (não o pseudo do Rappa) afirma, e é o que me parece mais correto, que "Liberdade é voar com gaiola e tudo." Aliás, prestem bem atenção em tudo que diz Falcão, o cara é um sábio.

Conclui-se então que o segundo guerreiro esconde um tenebroso segredo em sua alma. Certamente guarda vestígios nebulosos do passado.

EPISÓDIO IV


Eu deveria avisar isto antes mesmo de aprender a escrever, ainda que parecesse paradoxal, mas vou esquecendo, esquecendo... Mas agora lembrei: não tenho qualquer compromisso com a norma culta ou técnicas consagradas de elaboração de textos! E juro que não me orgulho disso. Mas vamos ao que interessa...

Episódio IV: Que mistura de ódio e brilho é essa que se vê no olho do segundo guerreiro? Analisando outros aspectos desse olhar (ou melhor, desse olho) pode-se também invocar as sábias palavras do pensador Nilo Bob que um dia cantou: "Que olho é esse? Tua mãe não te fez assim". Mas aí talvez seja viagem só minha - autor deste texto - e não do coitado do segundo guerreiro. Por enquanto, apliquemos para este caso o famoso brocardo in dubio pro reo. Limitar-nos-emos a uma metafísica do olhar em questão. O que ele é? O que se esconde por trás dele? Percebe-se talvez um traço de loucura que tem sua origem num passado de muito ódio. É isso que passa esse revelador olhar! Mas o que é a loucura?

Momento (exageradamente?) personalista do texto: segundo o pensamento de John Locke (o de Lost), um louco jamais acha que está enlouquecendo e sim tem certeza de que está tudo "normal" com ele. Durante outro interessante diálogo na série Lost, o personagem Boone pergunta a Locke como pode ele citar Nietzsche ao mesmo tempo que faz aquelas coisas todas (ou algo assim... bem, o importante é que ele diz que Locke cita Nietzsche, citação que se eu lembro bem, não aconteceu durante a série para o telespectador). Eis então que encontro mais uma ligação Locke-Nietzsche ao lembrar, no V Congresso de Direito Constitucional (Lênio Streck deu show) da famosa frase do filósofo alemão: "Não são as dúvidas e sim a certeza que enlouquece" [Ipsis litteris? (Só pra não dizerem por aí que minha aula de latim é inútil e/ou que viajo nela)]. Bem, depois de tantas interrupções pode ser que ninguém lembre mais que eu acabei de comprovar como é considerável a relação Locke-Nietzsche no seriado. Se isso significa alguma coisa importante para a trama ou se é apenas uma forma de citar filósofos durante a série sem ter lá muito significado (vai ver os caras querem só tirar onda de filósofo. E eu afirmo: Isso é podre! Daqui a pouco criam até um blog pseudo-intelectual natimorto) eu ainda não sei. De qualquer forma, garanto que estarei pensando em teorias que revelem o final usando a pista (alguma relação entre o pensamento de Nietzsche e do filósofo Locke, afinal, a resposta para tudo pode estar numa intersecção entre os dois pensamentos). E o que eu ganho descobrindo algo relacionado ao desfecho da trama lostiana (ou mesmo o próprio)?

Essa pergunta revela o estado, no mínimo, discutível do pensamento predominante em tempos de pós-tudo. Eu que sou quase fã de Richard Dawkins tenho que admitir minha suspeita de que ele tenha grande parcela de culpa na consolidação do pragmatismo (ou utilitarismo, tanto faz, são parentes muitíssimos próximos) como doutrina dominante, ainda que muitas vezes inconscientemente, na maioria das mentes. (Não. Não estou lançando uma teoria. Muito menos anseio elaborar "ciência". Pra você ter uma idéia: sou tão cretino que admiro o Feyerabend e o Boaventura. Não que eu os conheça satisfatoriamente bem, mas os tenho como pessoas legais, digamos assim). Tenho "ciência" de que o pragmatismo não é o demônio irracional que prega que tudo que não tem aplicação prática e não garante a sobrevivência é completamente inútil (talvez, lááááááááááá no fundo...). Seria amadorismo demais até para mim. Sabia que eu nem tenho nada contra ele? É bem possível que ele esteja correto e que somente seus critérios que sempre vão variar de acordo com a pessoa estejam errados, ou seja, que façam um tremendo mau uso dele. Aliás, sou quase um pragmático. Não quero entrar em maiores delongas por já ser suficientemente delongueiro. Delongueiro o bastante pra incomodar a mim mesmo. Concordo com a pergunta "o que é que eu quero mesmo afinal então?". Ora, revelar que a sociedade está falida, que seus valores são medonhos, que os meus é que são legais e ainda pretender que chamem isso de uma revolução axiológica. Enfim, nada que todo mundo já não tivesse dito umas dez mil vezes desde que Sócrates, Platão e Aristóteles começaram a tirar onda de espertos. Sócrates até se deu muito mal com isso coitado. Se algum dia eu for filósofo, daqueles de verdade e tudo (sei lá porque eu me interessaria, só uma suposição idiota mesmo), devo me lembrar de nunca reclamar do meu trabalho, difícil era lá na época de Péricles ou sei lá quem. Enfim, após pensar mais um pouco (todo mundo faz isso) vejo que o pragmatismo está condenado a servir a interesses espúrios. Não adianta. Qualquer disposição em contrário me parece ingênua. Percebo também que ele existe apenas se atrelado a outras concepções filosóficas muito anteriores. Queria poder desenvolver essas minhas afirmações, mas suspeito de que o tempo exista, embora todo mundo ache muito bonito não saber defini-lo (e falando assim eu pareço um adepto do pragmatismo). Não porque eu tenha o intuito de convencer alguém de alguma coisa (por sinal, isso é teoria de pragmático metido a espertinho, que gosta de trabalhar com psicologia e se diz entendedor de Lacan), mas porque tenho certeza de que não me lembrarei dos pensamentos que sustentam tudo isso (quando eu digo que sou meio pragmático ninguém acredita, ó aí!). Sim, admito que sou um desmemoriado ou mesmo pessoa com dificuldades de aprendizado que se possa aplicar de forma eficiente ou mesmo burra, vai da definição de cada um para o meu problema, e isso é uma delícia pra maioria das pessoas. Digo porque também gosto de investigações. Bem, concluo, após praticamente nada argumentar, que o pragmatismo está comprometidamente incompleto (peguei leve hein!) e que algumas coisas poderiam aproximá-lo disso que chamamos de verdade. O que é a verdade? Talvez se possa dizer que a verdade é toda e/ou qualquer resposta correta para essa pergunta. Se há alguma definição melhor alguém me avise.

Bem, mas eu falava de loucura. O que é a loucura? Talvez depois de ler esse texto muita gente já saiba o que é a loucura ou ao menos tenha fortes indícios. Aos espertinhos recomendo cuidado. Locke e Nietzsche são bem espertos e o que eles disseram não deve ser esquecido. Dizia um velho ancião que o homem foge da dúvida como um rato foge da ratoeira. Não que eu ache crime inafiançável acusar Nietzsche e adjacentes de serem loucos com instinto natural de autoproteção ou sei lá o que. Mas é algo complicado. Boa sorte! Ainda sobre a loucura, outra figura que não pode deixar de ser observada é o famoso filósofo Erasmo de Rotterdam, autor do livro "Elogio da Loucura". (mais informações em http://pt.wikiquote.org/wiki/Erasmo_de_Rotterdam e no google obviamente) Nesse livro, o pensador holandês apresenta a loucura como uma deusa que conduz as ações humanas. Identifica a loucura em costumes e atos como o casamento e a guerra. Afirma que é ela que forma as cidades, mantém os governos, a religião e a justiça. Ele critica muitas atividades humanas, identificando nelas substancial medicridade e hipocrisia. Vejamos o que ele diz sobre:

a) a Loucura - a Loucura fala em primeira pessoa no livro, e ela defende sua imagem e ponto de vista.

b) as crianças - a alegria da infância a torna a idade mais agradável, porque a natureza dá às crianças um ar de loucura.

c) o casamento - se as mulheres pensassem sobre o assunto veriam que não é vantajoso. Dores no parto, filhos, dever conjugal. Só a loucura para fazerem agir dessa maneira, assim a Loucura é a origem da vida. A única preocupação das mulheres é se tornar mais agradável para os homens. É essa a razão de tantos perfumes, banhos e enfeites. Só a loucura constitui o ascendente das mulheres sobre os homens.

d) os filósofos - gabam-se de serem os únicos sábios, mas se tirarmos o véu de orgulho e presunção veremos que não passam de ridículos loucos. A natureza parece zombar de suas conjeturas, e é risível sua teoria de infinidade dos mundos. Falam de astronomia como se conhecessem os astros palmo a palmo. Na verdade, eles não têm nenhuma idéia segura.

Créditos ao excelente site do qual foram tiradas as explicações sobre o livro:

http://www.consciencia.org/moderna/erasmo.shtml

Depois dessa longa, mas necessária e saborosa explanação, está mais do que provado que não se pode chegar a qualquer conclusão sobre o estado psicológico, patológico ou mesmo lógico do segundo guerreiro. Seria deveras precipitada. Resta então esperar pelos desenrolos do próximo capítulo que, como sempre, está emocionante. Enquanto isso, é recomendável a qualquer ser humano que eleve o seu nível cultural através da leitura dos artigos do conceituadíssimo site http://desciclo.pedia.ws/wiki/P%C3%A1gina_principal


quarta-feira, setembro 06, 2006

EPISÓDIO V


Episódio V: O primeiro guerreiro, conhecido em suas delimitações territoriais como Abedias, tal como James Bond, se põe a investigar o traiçoeiro território de sua missão. A curiosidade e perfeccionismo sempre foram marcas fortes desse afoito rapaz. Desde o dia em que Abedias fora abandonado por ter nascido com terríveis deformações na orelha e anormal ímpeto alimentício até os dias de então, o jovem garoto passou por um processo de desenvolvimento da sagacidade necessária para se esgueirar de tudo e todos sem deixar a mínima suspeita. É sabido que no dia em que Abedias se viu sozinho na selva taitiana ele soube intuitivamente que teria que sobreviver por suas próprias mãos. Quando fora encontrado, dezesseis anos depois, pela dita civilização, já havia desenvolvido hábitos peculiares, tais como, tais como... Bem, você verá.

Ao ser requisitado para a missão, Abedias já não era mais chamado assim. Seus descobridores o apelidaram de Prolixidade Cognitiva, pois era a única coisa que o então dito selvagem sabia pronunciar, e por sinal, o fazia incessantemente. Prolixidade Cognitiva fora treinado então por ninjas franco-sioneses da Sibéria e aprendeu as mais altas técnicas de miserabilidade (no sentido lisonjeiro dessa palavra) conhecidas na época. Ganhou o título de cidadão secreto neozelandês, o que selou definitivamente sua passagem do estado de selvageria para o estágio de homem civilizado (embora ainda fosse refém de instintos misteriosos e adormecidos, mas quem não é?). E o que isso significa?

Momento exageradamente (minto) personalista do texto: Bem, de acordo com os textos indicados pelo mestre Samuca Life, principalmente o de "Sociedade contra o Estado" de Pierre Clastres, há fortes indícios de que termos como "selvagens" e "sociedades primitivas" sejam apenas mais uma arma de dominação nossa (se é que eu faço parte da civilização ocidental, talvez já tenha aprontado o suficiente para ser banido dela, não que eu anseie por isso, mas vai saber...). Bem (é, de novo), as discussões a respeito do etnocentrismo, terminologias como instrumento de dominação, língua e poder, multiculturalismo ou mesmo relativismo cultural {termo quase sempre usado por críticos dos CRÍTICOS [perdoem-me a falta de imparcialidade (se é que isso existe)] num debate quase sempre inócuo e cheio de subjetividade da parte dos que se pretendem pensadores avalorativos, amantes do saber ou sabe-se lá quantos mais termos foram inventados para o auto-elogio} talvez já estejam desinteressantes, batidas mesmo. É uma mudança de pensamento muito radical, acho difícil algum dos lados transigir. Claro que não me refiro às opiniões das pessoas que (sabe-se lá o motivo) já correm só de ouvir falar de temas acadêmicos (uso esse termo sem qualquer intenção de qualificação positiva, apenas a título de especificação talvez mais adequada mesmo, pelo menos é o que eu estou tentando convencer). Refiro-me aos que gostam dessas "coisas". Mesmo eles talvez estejam fartos e acham que tudo se trata de uma questão de escolhas um tanto quanto excessivamente dogmáticas, mas necessárias à boa sobrevivência (e este fim último não é uma particularidade do pragmatismo). Ainda assim insisto. Percebe-se, por exemplo, que meu modo de escrever peculiar (pode valorar se quiser. Negativamente eu sei. Quem disse que não valoro? Eu tento me convencer disso, mas ainda não me venci) reflete traços da minha personalidade; a estruturação dos meus pensamentos ou mesmo pressupostos gerais da minha tática de dominação (a la USA). E meu senso de ordem? Um desastre, a maioria diria. Mas me defendo. Acho que é porque amo tudo um pouco demais e leio um pouco de menos (Pô cara, que lindo isso! Senti-me no Reino de Jhá ouvindo Bob Marley agora). A última parte com certeza é verdade.

Vale aqui uma menção desonrosa à minha ridícula não-preocupação com a necessidade de experiências anteriores com determinados ninhos de idiotices [sem carga negativa, nem positiva (Sim. Sou um exemplo de neutralidade axiológica na linguagem)] para se entender determinadas inutilidades que saem da minha mente. É que estou partindo do pressuposto de que este blog é um inevitável pé-no-saco (não no meu). Logo, não me preocupo em transmitir as minhas (tolas) experiências ou mesmo a conclusão preliminar que tirei delas.


Outra coisa legal de ser dita é que não me preocupo em ser plurisignficativo. Nem em não ser. Sequer em ser "nulosignificativo"... por aí vai.


Hoje vou deixar a "galera do deixa disso" vencer e admitir que não discutirei o que é um selvagem a fundo. Digo apenas que em tempos pós-modernos o bom selvagem de Rousseau deixa de existir dando lugar apenas ao bom. Pareceu uma crítica? Que nada! Nem disse que os antropólogos moderninhos fazem pseudociência. Alguns dizem isso. Não sou louco (sem carga, sem carga...). Acho até que estou mais pra eles inclusive, mas não posso deixar de notar que a acusação de submissão a uma ideologia de esquerda por parte deles pode ter sujado a límpida e honrada ciência social avalorativa (pleonasmo?) tradicional (de direita...). Bem, ao menos alguns direitistas já admitem sua condição. Mas qual o nível permitido de valoração e subjetividade em uma ciência social (ou mesmo natural, numa outra discussão mais perigosa)? Talvez algum dia eu especule sobre isso.

Então Abedias era o chamado bom? Vai depender de sua visão sobre tudo isso. Não sou o porre do Platão [grande pensador talvez (curto essa palavra, "talvez")] para indicar o correto aqui. Note que sequer abordei o tema de forma didática ou eficiente (talvez porque não tenha o que alguns chamam de "capacidade para isso"). Mania de querer ser mais que O CRÍTICO? Talvez. Estou bem light hoje inclusive. Hobbes e sua teoria sobre o homem passaram longe de mim (ainda que eu goste TALVEZ mais dele que do Rousseau). Quem sabe um dia...

Após receber o importante treinamento, Prolixidade Cognitiva estava pronto para fazer o exame final. Quando o fez, ficou provado que ele era a pessoa certa para a famigerada missão. Seu codinome (nome mesmo, tanto faz) passou a ser Ave de rapina e ele foi agraciado com o medalhão oficial da Escandinávia. Estava definido o destino do nobre guerreiro. Seus companheiros de missão não gostaram de seu codinome e preferiram chamá-lo pela alcunha de "Cocadinha". Agora lá está ele observando a casa do inimigo... Não perca o próximo capítulo.

EPISÓDIO VI


Episódio VI: Aí está. Cocadinha burla o sistema de segurança e consegue chegar na área de pouso dos helicópteros militares belgas. De lá ele tem uma visão panorâmica da importante e pra lá de moderninha base militar holandesa. Analisa com seu ultra-binóculo todas as minúcias do local. Seu plano é de certa forma simples. Ele pretende chegar à Holanda no seu meio de transporte em uma hora, ou seja, dentro do prazo definido pelos seus superiores botswaneses. Como está numa cidade belga que fica a uns 20 Km da base holandesa e seu burro se locomove a uma média de 20 Km/h, ele optou por usar a fórmula do "sorvete" (s = so+vt).

20 = 0 + 20t
20 = 20t
t = 1 hora

Ele percebeu então que dava pra chegar exatamente no tempo certo. Então iniciou a contagem regressiva no seu relógio. O alarme apitaria exatamente quando ele pisasse o pé em Lassftroops Beyond The Pale (a base militar holandesa). Porém, Cocadinha se esqueceu de que uma hora equivale a 60 minutos e não a 100. Quando ainda faltavam 50 minutos, de acordo com o relógio, faltavam apenas 10 na realidade. Como ele viu que estava bem perto, pensou que o seu burro tinha se esforçado mais do que o normal e resolveu descansar. Cochilou e sonhou que não sabia fazer a conversão hora-minutos. Acordou assustado, gritando e se deu conta da distração que o levara à tamanha desgraça.

Cocadinha chegou atrasado à Holanda e encontrou seus superiores atônitos por não mais poderem concretizar a missão naquele dia. Após se explicar, notou o rosto decepcionado dos comandantes botswaneses. Bungulundugum conversava discretamente com Sissoko Maktub. Chegaram a conclusão de que faltava um guerreiro que completasse os pontos fracos de Cocadinha. Em decorrência disso, entra na trama o segundo guerreiro.

Cocadinha não gostou da idéia de trabalhar em equipe. Até pelo motivo de que nunca fizera isso antes. Ele sempre fora um verdadeiro lobo solitário, intuitivo e extremamente perigoso. Passou o dia desconfiado. Mas o fato é que os generais moldavos que estavam hierarquicamente acima dos botswaneses ordenaram a estes últimos que montassem um plano B para ser posto em prática já na ceia de natal dos militares holandeses.

Traçou-se o plano. Ficou combinado que os dois guerreiros partiriam para uma cidade adjacente para buscar um bagulho secreto aí (estranha exigência repentina dos chefes albaneses repassada aos moldavos e re-repassada aos comandantes da Botswana). O que se sabe é que quem se ferrou nesse intrincamento globalizado todo foram os heróicos guerreiros. Antes de qualquer coisa, os comandantes acharam de bom alvitre trocar o nome de Cocadinha, pois entendiam eles que aquela alcunha-nome-codinome trazia mau presságio. Cocadinha passou a se chamar Alexsofu. Bem, cada um seguiria um caminho distinto para confundir algum possível espião inimigo. Pois, foram, pegaram o bagulho escroto e estavam voltando para a Holanda. Tudo na normalidade. Cada um ia trazendo o pacote correto. Tudo certinho, mas mal sabiam eles que havia um terceiro elemento nessa trama toda... Cedo ou tarde, não importa, o trabalho em equipe seria necessário. O futuro os aguarda. Como Alexsofu reagirá a esse futuro desafio à suas tendências naturais isolacionistas? Obterá ele sucesso? Terceiro elemento? Tem muita coisa mal-explicada aí... Aliás toda essa trama está muito mal-explicada desde cada coisa que acontece. Aliás está tudo uma embolação mal-contada. Quer saber? Tá uma merda total. Não perca o próximo episódio!

EPISÓDIO VII


Episódio VII: O olhar do terceiro elemento nos diz muita coisa. Frio e calculista, ele desempenha um papel importante na trama. Fora escalado por Sissoko e Bungunlundulum para observar de perto o desempenho de cada um dos guerreiros no cumprimento de seus papéis na missão idiota que antecederia a grande missão. Deveria o terceiro elemento segui-los sorrateiramente, anotar seus erros e acertos para que pudesse mais tarde fazer com que ambos trabalhassem numa equipe invencível com ele próprio a partir de uma estratégia mortal. O terceiro elemento era, portanto, um experiente estrategista observador. Unindo-se a habilidade dos três, os marechais espanhóis (superiores hierarquicamente aos panamenhos que mandavam nos albaneses que mandavam nos moldavos que mandavam nos botswaneses) calculavam que a vitória era inevitável.

O terceiro elemento não somente fez importante anotações, como também tirou as fotos que já foram suficientemente (ou talvez não) analisadas aqui inclusive. Pois, essas mesmas fotos chegaram às mãos do Alto Comando mongol (ao qual eram subordinados os marechais espanhóis) que passou a observar mais de perto os movimentos exóticos do segundo guerreiro, a habilidade de Alexsofu no manejo de burros indóceis e a feição dele, de dedicação ao trabalho. Talvez agora já tivessem total confiança de que Alexsofu não mais era um "selvagem" sem rumo. Suspeitavam de que já era possível que Alexsofu, graças à sua fiel dedicação, não criasse empecilhos ao trabalho em equipe. Mas, afinal, o homem é ou não é um ser que necessita viver em sociedade?

Antigamente, lá nos tempos do metido a sabe-tudo do Aristóteles, era até imaginável um homem viver isoladamente. Refletindo nas montanhas, passando o dia todo na floresta densa fazendo não quero saber o que, etc. Hoje, é algo meio difícil. Até existem comunidades isoladas, mas indivíduos... Acho bem difícil. Acredito que não devido ao crescimento populacional. Não foi bem isso que encurtou a distância entre os homens, mas sim o advento da nova ordem socioeconômica. Tecnologia baby! (estou ouvindo B.B.King). Ainda que no tempo do Ari as coisas fossem diferentes, foi ele mesmo quem começou com essa conversa de que o homem era naturalmente sociável (e um ser político também) , que só podia alcançar as suas mais elevadas aspirações através da vida em sociedade, tá tudo lá naquele livro bem conhecido nele e de nome um pouco preguiçoso: "Política". Hoje, louva-se a Aristóteles incessantemente. Afirma-se até que a intensificação das relações sociais é uma constante consolidada e que decorre do nível cultural cada vez mais elevado do pensamento humano. Ai ai, esses neo-evolucionistas disfarçados... O interessante é notar que eles têm muitas semelhanças com seus arquiinimigos, os conservadores. Estes últimos se esqueceram de que David Hume e depois Popper conseguiram desmistificar a muito tempo o indutivismo. Dá só uma olhada na definição de conservadorismo do Wikipedia: "O conservadorismo é uma corrente político-filosófica que defende que as melhores instituições não são aquelas que resultam de projetos feitos a partir do nada, mas sim de uma evolução gradual e “natural” ao longo dos séculos." Quando Darwin faz algo semelhante eles vão e esperneiam... Bem, o essencial é que sempre duvidei (como se eu fosse algum ancião...) de explicações unicausalistas para estes e quaisquer assuntos (embora a ajuda de Samuca Life tenha sido interessante). Ah, não sou inimigo da simplicidade, tampouco da complexidade (tá bem, eu não gosto muito disso que achamos ser complexo).

Escroto é Hobbes. Diz ele que o homem é um descarado que só se junta com os outros pra tirar proveito, isso sim. Para o filósofo absolutista, o homem é um safado que sabe mesmo é fofocar e zombar dos outros. Quando eu observo que as pessoas não costumam fazer auto-elogios escancarados, mas não exitam em criticar as outras pessoas percebo todo o maquiavelismo dessa galera humana (é, um pronome qualquer e o resto). Assim fingimos modéstia ao mesmo tempo em que aniquilamos um adversário. Yes! (Yes é legal! Close To The Edge então...) By the way, adoro brincar de Nietzsche! Sou quase um aprendiz de cover de Nietzsche paraguaio. Hobbes acha ainda que sem o Estado a humanidade ia é pro beleléu. Nesse caso, creio que ele andou assistindo a novelas mexicanas (ou equivalentes) demais, se é que me entendem. Bem, Hobbes responderia que Pierre, Rousseau e fascínoras semelhantes colocaram idéias erradas na minha inocente cabeça. Não sei. Só sei que não gosto daquelas historinhas de monstro que ele criava. Era um megalomaníaco equivocado. Tanto que o absolutismo foi uma merda pra humanidade, com todo respeito aos sanguinolentos monarcas da época. Mas que ninguém pense que sou anarquista. Sou torneiro mecânico. Ah Lula, seu maquiavélico! Vai ganhar a eleição com folga. Bem, o que eu me parece boba, má e feia é essa afirmação de que o Estado e outras instituições responsáveis pelo controle social são a solução para o descaramento da humanidade em seu estado natural. Se eu acho a humanidade descarada? Bem, essa pergunta exige um livro. Deixa quieto.

Não sei e gostaria de saber o motivo pelo qual o grego das antigas Epicuro de Samos, importante influência filosófica de Xuxa e Ozzy Osbourne (aliás, Epicuro é o filósofo mais influente na atualidade e cabou) dizia que o homem não era um ser sociável. Não que ele estivesse errado. Só curiosidade mesmo. Sei pouco sobre Epícuro.

Sabe qual é a minha conclusão? A de que o ser humano é um bicho esquisito. Nenhum outro bicho fica se preocupando em saber quem ele é, o que é o mundo e sabe-se lá mais o que (não.Os bichos não ligam pra isso. Né possível...). Eu devia estudar biologia, zoologia, psicologia, essas coisas. Também há muita coisa interessante. Tem gente que diz que filósofo é tudo burro. Talvez haja alguma lógica nisso, mas precisa-se de muita filosofia pra se chegar perto de tentar provar essa afirmação...

Conclui-se que o caso de Alexsofu tá sem muita perspectiva, portanto, não perca o próximo episódio.


EPISÓDIO VIII


Episódio VIII: O guerreiro olha pra cima e diz: "Eita ceuzão bonito!"

terça-feira, setembro 05, 2006

EPISÓDIO IX


Este episódio é algo independente dos anteriores, mas vamos lá (ao que interessa) :

Episódio IX: Pouco se sabe ainda sobre o passado do terceiro guerreiro. Conhece-se o seu pai. Conhecido pela alcunha de "Tonho Gatão", o pai do terceiro guerreiro era um renomado jogador de futebol e tratava como ninguém (em suas terras) a pelota. Conhecido por ser um dos poucos times que conseguiram derrotar o Papão da Curuzu, em seu próprio estádio (o Curuzu em Belém do Pará), o Associação Recreativa Confederativa Ornamental Multimilionária, conhecido como ARCOM e patrocinado pela Oral B, era a alegria do povo. O futebol travesso daquele time de uma década atrás encantava o público sedento por arte nos campos. Porém, o time continha muitos amantes da noite, verdadeiros boêmios. Conhecia-se, na época, o proveito que Tonho Gatão tirava da sua condição de craque do time. A FIFA não gostava nada nada daquilo tudo e comunicou um ultimato ao craque. Tonho Gatão tomou conhecimento do comunicado, porém, ignorou-o sumariamente e continuou a exagerar nas noitadas. Dois dias depois, a FIFA anunciou o banimento, em caráter de eternidade, do jogador de todo e qualquer gramado (ou não) onde se pratique o esporte bretão, sob a alegação de que o comportamento de Tonho Gatão maculava a imagem do futebol. Pois é, eram tempos conservadores (juro que não vou começar a falar de conservadorismo outra vez, calma, calma...). O fato é que a carreira do craque estava em maus bocados. Conhecia então o fracasso na sua forma mais cruel. Diante de tamanha aporrinhação, Tonho Gatão não viu outra solução senão abandonar o futebol e se tornar um samurai.

Pois bem, era preciso continuar a luta, ainda mais agora que tinha um filho (é. já nasceu o terceiro elemento) para cuidar. Seu treinamento foi rígido. Primeiramente, tratou de aprender tudo sobre filosofia oriental e para isso adquiriu ilicitamente diversas obras. Ele atacava os alunos da UFBA ("Os playboy mais riquinhos" costumava dizer) sempre a noite, e tinha predileção por estudantes desprevenidos. Apontava o muchaco para a vítima e dizia: "Perdeu! Perdeu! Passa logo a Crítica da Razão Pura ou vai sofrer playboy". Assim sendo, foi construindo uma imponente biblioteca, na qual não faltava quase nenhum clássico. Nietzsche, Sartre, Hume, Schops, Brahms, Hegel e até Wittgenstein. Tinha de tudo lá. Depois de algum tempo de leitura, adquiriu vasto conhecimento filosófico, mas... Continuava sem saber patavinas sobre longitude, latitude, meridianos, paralelos... Geografia em geral. De tal modo que o que se aproveitou dessa experiência toda mesmo foi a perícia cada vez maior na execução de tarefas perigosas. Conseqüentemente (que tipo de chato ainda usa trema?), Tonho Gatão não passou por grandes dificuldades para obter o título máximo de "grão-mestre samurai" pela Academia Cazaquistã de Aeroluta (a tradicional ACA). Não precisou sequer passar por estágios intermediários. Ele havia aprendido em tempo recorde os mais variados golpes, táticas de defesa, camuflagem avançada, emboscada e servia-se de movimentos silenciosos e letais.

Na Bahia, ficou célebre por ter fugido inúmeras vezes do esquadrão de morte pseudo-não-oficial do governo e ter derrotado mestre Toninho da Capoeira, mesmo tendo seus membros completamente amarrados. A imprensa o chamava de "Dr. Ardiloso" e o descrevia como um homem culto, porém, muito perigoso. Ninguém entendia muito bem o porquê de ele sempre enviar um artigo semanal com suas recentes conclusões a respeito dos mais variados problemas gnosiológicos e axiológicos a todas as suas recém-vítimas. Ninguém entendia também seus artigos, visto que livros de filosofia se tornaram coisa rara nas universidades e os intelectuais (pseudos ou não) acabavam sabendo cada vez menos. Filosofia se tornara algo perigoso demais até para ser ensinado, visto que os professores que publicavam algum artigo que desagradasse o então pretendente a samurai (e praticamente tudo desagradava Tonho Gatão, até porque, o mesmo adquirira insuportável senso crítico) recebia logo depois uma resposta por escrito, nas normas da ABNT, retrucando tudo o que fora dito. Ainda que Tonho nunca tivesse agredido alguém fisicamente, as suas réplicas surtiam um efeito atemorizador nos professores, levando estes a abandonarem suas profissões e se dedicarem a uma outra atividade qualquer. Nota-se que fora criado um mito em torno da figura de Tonho Gatão (prometo não discutir o papel ou natureza do mito na sociedade contemporânea e nem na antiga e nem dissertar acerca de como se faz o chamado "terror psicológico involuntário"). Esse homem que em seus tempos de futebolista parecia só mais uma figura inofensiva e folclórica do povo (vide foto).

Após alguns meses e a colação de grau, Tonho Gatão, agora já consolidado como um dos maiores nomes das artes marciais mundiais, dono do título de pós-doutor em coisas que samurai faz e seguramente o maior especialista na técnica do ippon-traumatismo-craniano, sentia-se pronto para treinar o seu filho. O terceiro elemento aprendeu, durante anos, as mais avançadas técnicas de destruição já ensinadas , complementadas por altas noções de guerra e estratégia, após treinos permanentes com o jogo "Combate". Treinado com o dobro do rigor normal, Matossas se tornou uma iminente máquina de matar, ou seja, estava pronto para destruir qualquer coisa que porventura exista ou venha a existir. Não cabe aqui a discussão a respeito da transferência de habilidades através dos genes. Ela é um tanto quanto biológica demais. Porém, cabe a velha polêmica: Afinal, Matossas já nasceu com um dom que precisava ser despertado? Ou tudo é uma questão de experiência, treinos? Aprende-se através dos sentidos? Há razão e/ou concepções inatas? Se sim, quais?

Serei breve. Até porque não pretendo dar uma resposta clara, aprofundada, objetiva e completa para o assunto. Muito menos definitiva, obviamente. Não sei sequer se pretendo passar algo que se possa chamar de resposta. Que porcaria eu quero então? Calma. Vamos por partes... (aliás, isso é coisa de indutivista. To fora! Nada de ir por partes)

De um lado temos Platão, o filósofo Hezbollah (Sócrates era "sunita"). Nos meios temos Aristóteles e uma galera aí. No outro extremo do ringue há desde os empiristas, chefiados por John Locke, até os atuais eleitores carlistas, malufistas e/ou colloridos. Estes últimos permitem contestar a teoria de Platão de modo quase letal. Se o ser humano nasce com conhecimentos a piori, estruturas racionais pré-estabelecidas e tudo isso, como explicar a existência desse pessoal que citei? É isso, Platão fica viajando no mundo das idéias dele lá e se esquece um pouco de observar a realidade. Ele freqüentemente esperneia: "a percepção da realidade através do sentido nos dá, quando muito, uma mera opinião verdadeira! E isso não é ciência! Os sentidos só geram mais obstáculos ao conhecimento, dificultando o caminho até à verdadeira verdade! O que importa é o conhecimento intelectual! Deve-se partir de especulações racionais para que se revele a nós o Mundo da Verdade!" (algo assim).

Por sua vez, Locke dá uma de iconoclasta (tal como a Marli naquele clipe) e elabora uma teoria que, implicitamente, chama Platão de imbecil. Locke é outro xiita, diz ele: "O homem é uma tábula rasa! Não há nada na mente que antes não tenha passado pelos sentidos! A prática é a fonte de conhecimento humano! O intelecto humano não pode partir do nada, sua fonte e limite é a experiência! O intelecto não cria nem destrói idéias! Ele apenas combina as idéias provenientes dos sentidos! A reflexão faz isso! Relaciona idéias simples para gerar complexas! E outra! Você não vê Platão que é um absurdo haver coisas inatas e o Zé Mané não ter consciência disso? Você é louco Platão! Louco!" [algo assim (ah, só estou escrevendo como se fosse uma novela mexicana pra ver se vendo tudo isso aqui pra o Sílvio depois)]. Por causa disso, um monte de filósofo-beata da época acusou o coitado do Locke de ser ateu. Afinal, a noção de Deus só pode ser inata, diziam eles. Não sei qual é a lógica em se discutir Deus? Bem, não vou discutir Deus. O cara é gente boa demais pra eu fazer isso...

Aristóteles tem alguns pontos em comum com Platão sobre esse assunto. Sócrates também. Grosso modo (não quero pesquisar pra relembrar), pode-se dizer que Ari reconhece a importância dos sentidos na apreensão da realidade e defende que seja feito um processo de abstração dessas informações trazidas por eles. O resultado seria a matéria-prima de que a estrutura racional se utilizaria para produzir conhecimentos, leis gerais, bambambam e coisa e tal. E Sócrates é um Platão mais light [e vice-versa, fazendo-se a devida mudança na frase (pra não dizerem que eu menosprezei um dos dois)].

Há vários outros filósofos com opiniões relevantes sobre o assunto. Dizem até que vale a pena dar uma pesquisada no construtivismo de Piaget (tenho pouca idéia do que seja, segundo lidas rápidas, ou seja, grosso modo, é meio que um meio-termo entre Platão e Locke. A teoria fala de interação entre meio e indivíduo. Bem, fica aí a dica então). Mas, o fato é que to com sono e parto do pressuposto de que ninguém está minimamente interessado em discutir filosofia, até porque se estivessem, estariam em um blog (ou semelhante instrumento) muito mais adequado para isso. Eu, o cara estranho do bloco (blog) do eu sozinho (nem sou fã de Los Hermanos,,, Sério) to longe de poder definir os meus atos e a minha existência. E que nunca me peçam pra fazer isso...

Bem, não dá pra chegar a uma conclusão a respeito do processo de aprendizagem de Matossas. By the way, pouco se conhece no que concerne à personalidade dessa, talvez, fria máquina de planejar e matar. Entende o porquê de não se poder perder o próximo episódio? Mas antes, vai mais um pouco: Tonho dedicou sua vida ao filho e agora o pequeno estava pronto para seguir seu destino em liberdade. Em decorrência disso, o agora velho samurai achou de bom alvitre aceitar a ajuda que os U$A ofereceram e concordou em enviá-lo para servir aos interesses estadunidenses. Os ianques descobriram os talentos de Matossas bem por acaso. Do nada, apareceram vários vídeos caseiros com demonstrações de força e astúcia por parte do rapaz lá no Pentágono. Imediatamente eles se interessaram e contactaram Tonho Gatão, que passava por algumas dificuldades, para propor um contrato (estranhamente havia o telefone de contato de Tonho nas misteriosas fitas de vídeo). A conversa foi rápida e Matossas se foi... Todo desconfiado. O pai embora não tenha levado o filho ao avião, disse a ele que sentiria a sua falta, antes de desmaiar de cachaça (havia comprado uns 10 litros).

Chegando aos Estados Unidos, Matossas teve um rápido encontro com os oficiais estadunidenses e foi comunicado que seria enviado para servir militarmente aos friends argelinos. Estes mandaram Matossas para servir militarmente aos amigos mongóis, que o mandaram para os espanhóis, que... Bem, ele acabou parando na base dos comandantes botswaneses Sissoko e Bungulungudum e nesse exato momento acaba de terminar o plano que apresentará aos superiores. O "trio invencível" está perto de se concretizar. O alarme toca. Hora do descanso. Todos interrompem os exercícios físicos e se recolhem aos dormitórios, Todos. Menos Matossas... Por que? Saberemos... Mais reticências, afinal, o suspense é a tônica desta foto-novela... Um pouco mais e... No próximo episódio!


OBS: Essa comunidade aqui é muito boa. Vê se não é a minha cara? Esses episódios mais filosóficos e tal... Bem, tudo a ver:
Destaque para o tópico sobre filosofia:
Outro tópico de partes interessantes, contesta a nossa natureza:

EPISÓDIO X


Episódio X: Papagaio dos angolanos. Currupaco!

EPISÓDIO XI


Episódio XI: Qualquer semelhança com o nosso craque Ronaldinho Gaúcho é mera coincidência. Talvez por Matossas ter o gene do futebol no sangue (só estou tentando... Ah, você sabe), afinal, é filho de quem é. Aqui podemos vê-lo um pouco depois de terminar seus exercícios físicos (é, ele ficou um tempinho a mais que os outros só por uma questão de "eu querer botar uma pressão" mesmo, não significava nada) se divertindo ouvindo Tr00 metal! O CD Reign In Blood do SLAYERRRRR!

Apesar de Matossas, eventualmente, confundir um pouco o significado dos símbolos existentes, o seu modo de planejar uma boa batalha era indiscutivelmente efetivo. E a música lhe dava a inspiração de que precisava para criar formas poderosas de se treinar guerreiros. Matossas era, sobretudo, um malandro. Elaborou um plano que o livrava das partes mais complicadas e as deixava para os dois outros virtuosos combatentes. Esse conluio de sanguinolentos vai dar mesmo certo? Afinal, que é que tá acontecendo nessa foto-novela? É isso. Não perca o próximo episódio.

EPISÓDIO XII


Episódio XII: Éééé, amigo! Tem moleza para ninguém não.. Enfim aconteceu a reunião entre os botswaneses e os três mais capacitados guerreiros da missão. Devido à importância desse encontro, estiveram presentes desde o grão-marechal etíope até os seus subordinados [os angolanos, o pessoal do Pentágono, os argelinos, o Alto Comando mongol, os marechais espanhóis, os panamenhos, os albaneses, os moldavos e os comandantes botswaneses. Nessa ordem hierarquicamente respectiva (bem, dá pra entender)]. Matossas, o único dos três que já sabia de que formaria o triângulo mágico, leu o seu relatório e apresentou a todos o seu plano que vinha sendo cuidadosamente elaborado. Tudo isso após uma descrição oral minuciosa das características gerais e específicas dos três integrantes. Pois bem, o plano consistia em invadir a base militar moderninha holandesa pela frente mesmo (aproveitando que o portão não estaria sendo vigiado, visto que a ceia de natal é sagrada por lá e todos se encontrariam na sala reunidos); atacar o alvo; destruí-lo e deixar o local. Todos os presentes aplaudiram a explanação de Matossas e consentiram que aquela era a melhor forma de se agir. Todos, exceto o ex-selvagem Alexsofu. O rapaz de temperamento difícil e conhecidas dificuldades de socialização não achou a idéia boa e devido a isso matou Matossas a sangue frio na frente de todos.

Estavam todos perplexos e boquiabertos. Todos, exceto o segundo guerreiro que gargalhava descontroladamente e mangava da tragédia. Depois de tanto troçar do pobre do morto, o segundo guerreiro elogiou Alexsofu ("nossa cara! você é bom!"), percebeu que, tirando ele, ninguém tava rindo, tomou vergonha na cara e calou a boca. É que havia achado engraçado, mas o grão-marechal etíope tinha outra opinião sobre o fato. Diante de uma platéia atenciosa, o grão-marechal Adis Adeba discursou defendendo que a missão precisava de homens corajosos e sinceros como Alexsofu e ordenou que este recebesse uma condecoração (meio inútil) por ato de bravura. Ponderou ainda que sua habilidade guerreira era indispensável para o sucesso da missão. Bem, não vou me prolongar com os detalhes do acontecido, afinal, logo depois os "cabeças" já estavam convencidos de que venceriam com os dois guerreiros mortais. Ficaram empolgados e ordenaram que eles treinassem também naquela noite pois amanhã era "o dia".

Tem moleza para ninguém não... O segundo guerreiro tinha um modo próprio de liberar seu instinto assassino e furor no treinamento. Começava sempre com a posição da garça parida para concentrar seu chakra. É bem verdade que isso exigia grande esforço da sua parte como se pode ver em sua feição, mas, ele portava um livro na mão com os dizeres: "Coragem. É pelos judeus!" e sempre que o cansaço começava a vencê-lo, ele lia tais palavras e readquiria forças. Não entedia muito de História, mas era movido pelo desejo de vingar o holocausto. Desde que seu amigo tibetano Hu Jintao o ensinou que ele deveria vingar o que os holandeses fizeram aos judeus, o segundo guerreiro não pensa em outra coisa. É, sem dúvidas, o que mais vem se dedicando ao trabalho. Fora escolhido a dedo, logo após Alexsofu ter se atrasado por deficiência matemática naquela fatídica tarefa. Como todos devem se lembrar, no episódio VI, o segundo guerreiro é selecionado para suprir as deficiências de Alexsofu e trabalhar em equipe com ele. De fato, Zwangsgewalt era a escolha acertada a ser feita. Quando viveu no Tibet era conhecido por ter descoberto qual era a lógica na seqüência dos números primos (pena que depois ele esqueceu e nem anotou qual era); resolver os mais complicados algoritmos de olhos vendados e contestar de forma brilhante a quadridimensionalidade do universo, através de avançadas equações de décimo-nono grau. Além de tudo isso, Zwangsgewalt tinha uma habilidade rara na arte de matar. Não que já tivesse tirado a vida de alguém, mas é possuidor de uma técnica de raciocínio rara. Ele consegue abstrair todos os movimentos humanos que acontecem ao seu redor, transforma-os intuitivamente em equações matemáticas e pode prever cada ação do inimigo. Depois basta ele criar uma equação correta que defina o seu movimento e seguí-la, o que ele faz com estranhíssima competência. Dessa forma, ele consegue o resultado que pré-determinar em qualquer situação. Juntando-se o calculismo de Zwangs ao furor selvagem do perigoso Alexsofu, tem-se a perfeita definição do adjetivo "letal".

Aquela noite fora de árduo treinamento para os dois. Ambos ficaram exaustos e dormiram cedo. Os seus superiores, porém, ainda estavam acordados e temiam que algo lhes acontecesse em represália. Sempre temeram a "desfamiliarização" de Alexsofu com as leis e demais regras de conduta. Devido a isso, acharam que era prudente aplicar injeções com pequenas doses de anfetamina para fazer os guerreiros dormirem e não matarem ninguém durante a noite de sono de todos. Como ninguém sacava de medicina (e nem de química se é que o leitor não percebeu) por lá, o resultado não foi dos melhores... O que aconteceu? Não perca no próximo episódio.

segunda-feira, setembro 04, 2006

EPISÓDIO XIII


Episódio XIII: Certa vez o pensador Compad Washington cantou: "depois de nove meses você vê o resultado". Não se aplica aos nossos protagonistas. Neles o resultado das anfetaminas foi quase que imediato e eles ficaram dessa maneira aí. Meio que impossibilitados de qualquer tipo de sono ou batalha. Como a dose aplicada não foi tão leve quanto deveria ser, ao nascer do sol ainda não estavam curados. Já era véspera de Natal. Era o "dia D". A manhã e a tarde foram de apreensão. Matossas até poderia resolver o problema, ele entendia dessas coisas, mas está morto coitado.

No fim das contas, os nobres guerreiros só foram ficar bons no início da noite mesmo, ou seja, bem em cima da hora. Alexsofu, coitado, ainda tava meio grogue. Mas o dever os esperava. Era a grande hora de suas vidas. Zwangsgewalt ainda pensou em matar aqueles sacanas descarados todos. Estava cabreiro, mas não havia mais tempo. Além disso, ele era jaina e sua religião (o jainismo) não permite esse tipo de coisa. Marcharam então em direção à base holandesa. Todos depositavam as suas fés nos dois guerreiros e esperavam que eles soubessem o que fazer na hora certa. Como se diz nos filmes de ação: A noite vai ser explosiva... Não perca os próximos episódios (estão cheios de efeitos especiais)!

EPISÓDIO XIV


Episódio XIV: "Ali está". Os guerreiros chegam em segurança, arrombam o portão e aproveitam que todos estão na sala cantando cantigas natalinas para atacar o alvo. O dito cujo estava on the table e seria fácil destruí-lo e concluir a missão. Mas havia um detalhe. O troço só podia ser destruído através de uma técnica chamada "sacra-voadora-fatal-letal-mortal", só dominada por duas pessoas no mundo. Por sorte, eram elas nossos dois guerreiros. O golpe consistia em uma voadara que teria que obrigatoriamente alcançar dois metros de altura (pés-solo) e ser executada com as pernas arqueadas em 75 graus para ter sua máxima e necessária eficiência.

A face feliz de Alexsofu tinha motivo. Ele botou a mão na barriga, regojizou-se e falou pra deixar com ele. Zwangsgewalt pensou em tirar-lhe a vida por tamanha ousadia, mas, vale lembrar, ele era jaina e sua religião (o jainismo) não permite esse tipo de coisa. Resultado: foi o gordo safado o primeiro a tentar. Resultado... Não perca o próximo episódio!

domingo, setembro 03, 2006

EPISÓDIO XV


Episódio XV: Resultado aí ó... Deu chabu. Alexsofu ainda estava grogue e gordo. Ele até tem invejável impulsão, mas sua barriga impediu que atingisse a altura necessária à execução da tarefa. Sequer atingiu o alvo que estava sobre a mesa (em meio aos deliciosos quitutes natalinos holandeses que deveriam ser consumidos ao dar meia noite).

EPISÓDIO XVI


Episódio XVI: "Agora é comigo. E com os homens de bem desse país." Foram os dizeres de Zwangsgewalt antes de se preparar para o golpe final. Ainda estava se recuperando do ataque de tosse que teve ao ter um ataque de risos ao ter assistido ao vexame de Alexsofu. Este último, por sinal, caiu desacordado de fome (não comia desde as anfetaminas. A galera lá cismou que ia fazer mal).

Quando Zwangsgewalt se recompôs, já havia chamado a atenção de uma herege holandesa loira denominada Peter Van Der Bundsfolfterasff. Ela, patriota convicta, cantou o hino nacional e jurou proteger o país de qualquer forma e se posicionou de modo a proteger o artefato valioso que deveria ser destruido. Enquanto ela fazia essa papagaiada toda, Zwangsgewalt planejou minuciosamente um plano capaz de eliminar aquele empecilho e, enfim, concluir a missão. Agora vai! Não perca o próximo episódio!

EPISÓDIO XVII


Episódio XVII: O plano era relativamente simples. Consistia em correr velozmente, de forma estranha e argumentar que se ela não saísse da frente iria atropelá-la sem dó. A holandesa deu um grito de desespero e saiu correndo pela mata escura com o objetivo de fugir descaradamente. Acreditava, piamente, que Zwangsgewalt era uma figura estrambolicamente demoníaca e, por isso, achou melhor não dar asas ao azar.

Uma vez obtido o sucesso, Zwangsgewalt passou à segunda parte do plano (já mais ou menos conhecida): destruir a bomba nuclear da Holanda e salvar o mundo. A hora se aproxima! Não perca o próximo episódio!

sábado, setembro 02, 2006

EPISÓDIO XVIII









Episódio XVIII: Zwangsgewalt destrui a ameaça holandesa impiedosamente. Em pleno gozo de suas faculdades físico-mentais, o herói brasileiro não teve dúvidas e nem receio de aplicar sua técnica suprema. Ao alcançar os necessários dois metros de distância do chão, caiu deferido um poderoso golpe de joelho "Feilong's Style"! Descreveu um movimento parabólico-logaritmal e quando estava no ápice, foi capaz de enxergar a posição exata da bomba, estrategicamente colocada embaixo da mesa (pra ninguém ver). Mirou e desceu em velocidade usando as moléculas do ar para se impulsionar para baixo. Acertou a ogiva com a velocidade ideal provocando assim a sua explosão e retirou rapidamente o joelho do contato (acertou quase que de raspão só) para não o ferir. Uma nuvem radioativa se fez e, por isso mesmo, o guerreiro manteve-se abaixado e tapando o nariz até ela se desfazer camada de ozônio acima.

Foi tudo muito rápido. Quando acabou, Zwangsgewalt tinha a sensação de dever cumprido. A "sacro-voadora-fatal-letal-mortal" funcionara perfeitamente. Alexsofu acordou avoado. Perdera a cena espetacular, mas ganhara a batalha e agora podia... Podia... Bem, Alexsofu não sabia muito bem o que ia fazer da vida é bem verdade. Só sabia que algo o incomodava. Como se tivesse esquecido de fazer alguma coisa e não era destruir a bomba. Tudo que ele pensava agora era em relembrar o que é que era pra ele fazer.

Como os guerreiros não podiam demorar muito naquele local, foram saindo sorrateiramente e se safaram sem deixar vestígios. Cada um no seu caminho. Zwangsgewalt pretendia, antes de qualquer coisa, voltar para a base e anunciar o sucesso da missão. Alexsofu, na falta de algo melhor pra fazer, resolveu dar uma passada lá também até pra regularizar sua situação perante a civilização em geral e entidades burocráticas. Enfim, não acabou ainda. Zwangs quer prêmios, reconhecimento e sabe-se lá mais o que. Alexsofu quer... Bem, se lembrar do que ele acha que esqueceu. Mas o que será?

Oh Amnésia, que aflige 3,7% da população mundial! Mas afinal, o que é amnésia? A amnésia é uma, digamos... Entidade patológica causada por variadas causas em que o indivíduo perde a capacidade de reter informações novas (amnésia anterógrada) ou de evocar as antigas (amnésia retrógrada). As amnésias são sempre causadas por... Por... Pera aí que eu lembro já...

terça-feira, agosto 29, 2006

EPISÓDIO XIX


Episódio XIX: "Lembrei!" Assim foi o estalo em voz alta que Alexsofu teve no meio da festa de comemoração. Ninguém entendeu direito. Só se sabe que assim que ele lembrou do que havia esquecido de fazer ficou preocupado, calado e reflexivo (embora isso não tenha tido qualquer influência na voracidade com que devorava os brigadeiros e demais coisas comestíveis do local).

Bem, o importante mesmo é que a missão teve final feliz. Todos brindavam felizes. A foto oficial da batalha de Lassftroops Beyond The Pale demonstra bem a cara de sucesso e orgulho do que fora feito por parte dos dois heróis. Agora, porém, Alexsofu estava cada vez mais preocupado...

Bem de novo, diziam freqüentemente Tales de Mileto e Parmênides: "Um pouco de metalinguagem não faz mal a ninguém". E era nisso que eu pensava enquanto tentava estudar Hermenêutica. Afinal, como se escrever um texto?

Momento extremamente personalista do texto: É certo que eu não devia me fazer essa pergunta, assim... Bem... No final da foto-novela ou foto-seriado, sei lá. Mas, eu me dou bem comigo mesmo. Falemos da linguagem. É pertinente afirmar que ela deve se adequar ao público que quer alcançar. Tomemos o exemplo deste blog. A linguagem é confusa, tem neologismos, estruturas inventadas, há erros de ortografia e concordância nos textos, o chamado "mau emprego" de sinais e pontuação, enfim, uma porcaria completa. Acontece que o meu público-alvo é nada mais nada menos do que eu mesmo. O próprio aqui que vos fala. Luis XIV disse certa vez que era o Estado. Pois eu sou o Estado e o povo. Eu sou o limite, o parâmetro para qualquer coisa aqui neste site. Logo, a linguagem precisa apenas conseguir não me confundir. O dever dela é combinar comigo e fazer com que eu tenha uma leitura rápida e dinâmica. Ninguém melhor para escrever atendendo a esses requisitos que eu. Daí eu não submeter o texto a revisões (bem, o motivo principal não é esse, mas não interessa...).

"Mas você já lê, já sabe o que aconteceu e já até escreveu isso tudo. Você inventou p****! Por que precisaria escrever sua invenção para você?" É aí que entram as recentes transformações em minha vida, ou melhor, no meu cérebro. Nunca estive tão convicto de que tenho alguma espécie de Alzheimer que não é bem aquele tal de Mal de Alzheimer. Bem, não sei. Só sei que tenho percebido que não consigo gravar mais nada. Antes era infinitamente melhor (que expressão mais sem lógica essa hein?!). Isso tem seu lado interessante? Ora, dizia o poeta Zezinho da Ema que é melhor ser alegre do que triste. Faz sentido, também é melhor ser otimista do que pessimista. Que pessoa vê o lado bom de seu ônibus quebrar e ter que se mudar com a galera toda pra outro ônibus que já vinha cheio? Pois eu até achei legal. Talvez não preferisse, mas não fiquei lamentando. Tava curioso. O lado bom de ser um jegue desmemoriado é que você se diverte trezentas vezes com a mesma coisa, ou seja, uma coisa que antes era apenas interessante agora é eterna. Bem idiota esse lado bom de ver essa situação né? Ora bolas, é o que resta. Não sei como voltar a ser como antes. Aliás, nem sei se quero. Esse negócio de tomar decisões difíceis não é comigo (não serei juiz, aliás, talvez não só pelo motivo de não querer... :). Estou me guiando quase que instintivamente ultimamente. É. Se eu fosse gordo seria um gnu. Sou praticamente um suricate que se aproveita da época em que aprendia.

Teorias? Bem, é culpa da sociedade de informação e do pós-modernismo. Duchamp também. Não sou culpado das cousas (quero inovar a ortografia...) que não consigo explicar. De nada, nem da miopia, nem do distúrbio tireoidiano e nem dos dentes antes tortos. Aí é Hipócrates explica (até tinha esquecido o nome dele). Já me basta ser culpado das notas da faculdade e de ter criado esse blog. Bem, o que fica claro é que nada me impede de criar teorias esdrúxulas. Pretendo tentar tomar vergonha na cara e aplicar parte do meu método pseudo-empiríco genérico na investigação das minhas teorias. Popper que se dane com aquele papo de que pra ser teoria tem que passar pela falseabilidade e coisa e tal. Ele pode ser o queridinho dos cientistas de hoje, mas não vai me impedir de eu chamar minha porcaria de teoria. Limito-me a explicar que tenho divergências epistemológicas com ele. Certamente ele não ta nem aí pra isso. Mas eu discordo mesmo assim por falta de algo melhor pra fazer neste momento.

Aplicando o meu método, a primeira medida seria me afastar por um tempo considerável de qualquer relação que envolva internet e guitarra. Quase fiz isso ontem e foi um tédio. Senti-me com catorze anos. Lá na época que eu morava em Riachão, não sabia como ligar um computador e ficava de olho duro ao ver uma dádiva tecnológica como ele. Mas eu vou dar um jeito. Parar de discutir proto-filosofia - também conhecida como conversa de doido que não leva alguém a lugar algum (no máximo ao hospício, o que não é um lugar dos mais nobres, ainda que eu ache que tenha lá seu charme. Hã pessoas interessantíssimas lá) - e me concentrar nos dogmas da sociedade atual. Que é que custa? Tenho que eliminar minha aversão a concepções ditas inatas e outras coisas parecidas. Por vezes, me dizem que é questão de entender (modo sutil de me chamar de "meio burrinho"), pois pronto. Vou fingir que entendo e me aproveitar disso. "Pra que tudo isso?" Alguém poderia me perguntar. Bem, depois que eu me lenhei com a tal da razão (conclusão minha, talvez equivocada) adotei uma concepção de mundo e ser muito mais irracional. Coloquei irracionalmente na minha cabeça que precisava [há quem duvide veementemente (palavrinha estranha) de que isso seja possível, mas só pode ter acontecido isso comigo] fazer coisas de mais alcance. Confesso, não é nem de longe o que mais gostaria de fazer, mas... A vida é uma questão de escolhas, já dizia algum filósofo de buteco, e as minhas são o que eu entendo como irracionais.

Há quem diga também que a vida é uma invenção. Essa visão muito me agrada, mas não se adapta às minhas necessidades mais pragmáticas que outrora. É necessário deixar claro que o CD Entropia dos suecos do Pain Of Salvation que estou ouvindo agora é uma dádiva também. Talvez as pessoas sigam uma lógica natural. Uma espécie de trajeto inato que eu não enxergo por algum dos meus vários, conhecidos ou não, distúrbios biológicos. Deficiências de ordem cognitiva ou mesmo causadas por preguiça. Não acho que eu seja de todo desavergonhado como muitas vezes se diz ao tratar-se de diversos aspectos dos meus atos. Ou talvez meu erro (que erro?) esteja apenas em não fingir que tenho certeza e segurança das minhas convicções. Eu deveria fingir que sou um ente superior. Ok. Seria paraguaio. Algumas pessoas não fingem. É como aquela piada velha do meu professor: "50% dos estudantes de direito acham que são deuses. Já os outros 50% têm certeza". Acontece que, por enquanto, prefiro ser uma cópia do que botei na cabeça que funciona a ser um original de pouco alcance. Eu me sinto como o Pain Of Salvation. Talvez por isso o tenha citado. Quer fantástica originalidade mais sem alcance do que aqueles suecos? Desculpem-me pelas analogias incompreensíveis com música. É aquela questão de experiências em ninhos de discussões imbecis que nem todos têm. E é também o caso alzheimeriano de que já tratei. Mas sei lá... Uma coisa dessas deveria ser inata. Ainda tenho a esperança de que Deus e/ou similares (pra não discriminar ninguém) há de concordar comigo e melhorar essa coisa do inatismo na próxima geração. Se é que existem gerações.

Cada vez eu afirmo menos. Isso definitivamente não pega bem. Veja Lula e seus 52% (mesmo contra a Veja e outros organismos poderosos, mesmo contra esse blog, o que impressiona ainda mais). Se bem que na política tudo é meio diferente, mas, mesmo assim, guarda notável relação com o dito mundo real. Não estou afirmando que seria melhor presidente que Lula. Suspeito de que seria, mas cada vez afirmo menos... Me parece claro que temos no Brasil uma superestimação da importância do presidente. O próprio Lula já deu mostras claras de que não manda muito por aqui não. Mais do que um grande presidente (coisa que creio que ele não foi), Lula mostrou-se um excelente político. Suspeito de que ele deve muito ao Duda também (não, não to falando de dinheiro, antes que exijam que eu prove que Lula deve a Duda Mendonça). Duda Mendonça mudou o Brasil. Bem, estou falando do Lula porque ele é uma pessoa famosa, tão conhecida quanto Bono. Mais conhecido até que a saudosa Katilce. Enfim, o exemplo é adequado para que se (eu) entenda a minha idéia e eu nem preciso desenvolvê-lo muito.

Meu método consiste basicamente em me abandonar um pouco. Talvez ser mais altruísta. Bem, há quem discorde de que isso seja possível, mas não quero entrar em papo de psicologia. Nem filosofia. Acho que "o melhor" é um consenso. Um consenso meio sem valor é bem verdade. Por mais que seja estranho dizer que "o melhor" não tem valor. Mas não é "o melhor" no sentido de o melhor. Refiro-me ao "o melhor". O tal consenso sem valor. Ah, dá pra entender. Quer saber de uma? Eu me viro.

Como eu dizia, a linguagem é bastante importante. Por que as pessoas gostam mais de conversar do que de ler livros por exemplo? Dá menos trabalho? Talvez. Mas possivelmente tem muito a ver com a linguagem adotada em cada modo de comunicação. Numa discussão, a preocupação com normas, regras e ordens não é tão grande. A pessoa quer é ser entendida. Não está muito se importando em falar bonito (a não ser que esteja num júri, discursando pra platéias, ou algo similar). Também não é necessário saber como usar a vírgula e tal. Enfim, não precisa eu ficar diferenciando. Notadamente é muito mais fácil falar certo do que escrever certo, ao menos é o que me parece. E na escrita a pessoa sempre tende a enfeitar mais. tem mais tempo e tal.

Outra coisa que me preocupa na linguagem escrita. Ela mostra muito menos o sentimento que está por trás de tudo. Acho que isso também é notável. A língua até criou recursos que visam modificar isso, tais como: reticências, exclamação, aspas etc. Bill Gates criou o CAPSLOCK pra você gritar na internet até. Mas ainda é muito pouco. Juro que tento de alguma forma transmitir mais emoções do que normalmente se faz na linguagem escrita. Mas como não há um código unificado, não há um padrão, muitas vezes minhas tentativas são e serão frustradas. A minha regra principal para tentar atingir esse objetivo é escrever como se estivesse falando e/ou pensando. Não sei se estou certo, mas acredito que isso inclua mais a pessoa na "parada". Ainda mais quando se fala de temas ultra-chatos como eu faço, por saber, como poucos, ser uma pessoa insuportável e de gostos estranhos (Só eu venero o Alphataurus?). Com um tempo, pode ser que a pessoa, por repetição até, se familiarize com o meu código e ele surta o efeito desejado. Vou testá-lo em mim daqui a uns seis meses obviamente.

Enquanto a festa bombava, Zwangsgewalt lia atentamente os papéis que roubou da mesa natalina dos holandeses um pouco antes de dar uma joelhada na bomba no pouso seguro. Ele os enxergou quando estava no ápice e esticou o braço, salvando-os de virarem aquilo que as coisas viram após uma ogiva explodir. Mal sabia ele que encontraria nesses papéis informações talvez mais bombásticas do que a própria bomba.

"Impostor!" bradou Zwangsgewalt contra Alexsofu. Este, por sua vez, ainda estava paralisado por ter lembrado a minutos atrás de que era, na verdade, um espião a serviço da Holanda infiltrado nas bases do inimigo. Sim. Os holandeses foram os responsáveis pela sua reincorporação à sociedade. Eles foram os seus reeducadores e Alexsofu era muito grato a eles. Até porque eles o ensinaram que ele deveria ser. Os holandeses confiaram a ele a missão de descobrir os planos do inimigo e entregá-los no momento certo. Porém, Alexsofu acabou se habituando à rotina dos tais "inimigos" de tal modo que se esqueceu completamente de que era um espião holandês com o passar dos dias. Coisas de ex-selvagem talvez. Pois... O fato é que ao lembrar de tudo isso ele ficou meio louco e já não sabia bem o que fazer.

Todo mundo esperava uma explicação de Zwangsgewalt e ele a deu. Disse que tinha em mãos os documentos oficiais dos inimigos holandeses, assinados pelo chefão Major Tharick que indicavam que Alexsofu estava a serviço da Holanda. No papel havia os claros dizeres: "Alexsofu é o espião que vai enganar os otários dos inimigos. Aqueles burros! Hahahaha!" (ipsis litteris). Não havia mais dúvidas. A decepção de todos foi muito grande, mas não havia tempo para decepções. Cercaram Alexsofu, apontaram as armas e ordenaram que ele não se movesse. O que será que vai acontecer?

Não perca o último capítulo de "Iminente tragédia de conseqüências nebulosas." Aham. É esse o nome da... Foto-novela, talvez... Enfim, não perca!

EPISÓDIO XX - The Final Round... Fight!


Episódio XX: Eu iria começar esse capítulo de uma forma muito boa. Juro. Sei que isso nunca acontece, mas juro que ia. Até ontem, às 15 horas, eu lembrava perfeitamente de como iria começar esse episódio. Só que minha memória... Ao menos lembrei do fim. Tomara que eu não esqueça durante os próximos parágrafos. Mas vamos aos brigadeiros... (Estou lançando essa nova expressão aí pra galera. Tomara que pegue e eu me beneficie financeiramente de alguma forma)

O último episódio é rápido e caceteiro. Ritmo dinâmico que conduz ao gran finale:

Cena I - Estalos: Alexsofu não estava satisfeito. Sentia-se muito confuso. Foi então que teve o segundo estalo. Olhou para o grão-marechal Adis Adeba e balançou a cabeça em reprovação. Adis Adeba "engoliu seco" e virou a cara. Alexsofu é levado para a prisão de segurança máxima.

Cena II - Cárcere: Cena da foto. Zwangsgewalt sente que colocou os malfeitores nos seus devidos lugares. É promovido a agente carcerário provisório e não cabe em si de tanta honra. Lembrou-se dos seus melhores tempos, de quando era oitava série. Era o mais estudioso, mais simpático, mais bonito, mais pegador, (também era o artilheiro do seu time e campeão de W11) mais forte, mais rápido, mais perspicaz, mais perseverante, mais honesto, mais gente boa, mais supimpa do seu Estado (pelo menos esse era o universo de pesquisa das universidades que concluíram isso tudo). Comparou os momentos antigos com este de agora e chegou a conclusão de que havia chegado no ápice. Mas sua obediência cega às leis, regras e autoridades era mesmo um atestado de competência. Na cabeça dele sim, mas e na minha? E na sua? E na de Alexsofu?...

Cena III - Servo da ordem: "Está cometendo uma injustiça!" Bradou Alexsofu contra Zwangsgewalt. Este o ordenou que se calasse e que todo o direito que tinha era o de ser julgado pela corte e o de permanecer calado. O pensamento de Zwangs naquele momento se resumia a ele e a lei. Ele certamente até achava que Alexsofu era mais que culpado, mas não estava nem aí pra isso de justo ou injusto no momento.

Cena IV - Julgamento: Dia 26: A prova era irrefutável. Estava tudo muito claro. Alexsofu servia a interesses indignos até para um quadrúpede. Logo, não houve discórdias após o juiz decretar a sentença.

Cena V - Não podia faltar o... : "Parem este julgamento!" É o grito que ecoa dos fundos. Numa daquelas clássicas (pois "manjadas" pega mal) cenas em que um apressado ser humano abre as portas de um recinto de julgamento; diz, suado e ofegante, que tem algo a dizer e todos olham para trás exclamando um "ohhhhhh". Juiz Keen até argumentou que a ordem era inútil e o julgamento já havia acabado. Mas, e daí? Todos queria ouvir o que o grão-marechal Adis Adeba tinha a dizer (afinal, quem não gosta de quebra de protocolos, suspense e movimento?). Alexsofu principalmente. Ele nunca entendera (depois do segundo estalo) porque o grão-general não o ajudou, afinal, nele sozinho ninguém acreditaria. Além disso, mentir para escapar de uma acusação pode agravar gravemente a pena de acordo com o regimento militar das Forças Adjacentes e ele temia isso. Alexsofu já estava pensando em tentar, mas, além de tudo, não tinha certeza de que seu segundo estalo era mesmo referente a algo real ou apenas uma invenção esquisita causada pelas substâncias alucinógenas que ele costumava usar (na verdade lambia sapo do colorado, reconhecidamente alucinógenos, trazidos de Queensland, Austrália. Era algo bem discreto. Ninguém suspeitava do que se tratava). E se fosse apenas mais uma invenção inconsciente? Preferiu não arriscar, pois, como já foi dito, poderia agravar a sua pena. O certo é que agora ele sentia que estava certo e que não tava doidão.

Cena VI - O Relato: "Graças a Deus estou vivo. Sei que vocês estão surpresos, mas já saí de comas alcoólicos piores! Vocês também devem estar surpresos por eu estar aqui, de cueca, pedindo pra não julgarem este rapaz ainda. Pois bem, explico. Eu já tava muitcho doidho quando o Zwangs gritou não sei que lá do papel holandês naquela noite. Tentei associar algo com algo. Lembro de ter visto o pessoal levando o Alexsofu pra prisão preventiva, mas algo me dizia que tinha algo de errado naquilo. Não lembrava o que era, tava muito doido, mas sabia que tinha e fiquei angustiado quando ele olhou pra mim parecendo esperar que eu fizesse algo. Bebi um pouco mais pra ver se lembrava, ou entendia alguma coisa da situação. Aí que deu m****! Não lembro mais de nada depois. Só sei que acordei nestante, não estou mais avoado e, graças a Deus, lembrei do que tentava lembrar logo após abrir os olhos. Já sei o que aconteceu. Sabia que não podia perder tempo. Imaginei que vocês já estariam aqui julgando o rapaz, levantei rapidamente da cama e não pensei em mais nada, vim correndo o mais rápido possível a fim de evitar a grande injustiça. Vocês entenderam tudo errado a respeito desse inocente rapaz, um bom selvagem, afinal, os senhores não sabem das coisas que eu sei a respeito dele. Na verdade...

Cena VII - Rebuliço: O juiz tentava controlar o tumulto e a gritaria, mas depois de ter fraturado a sua mão com potentes marteladas na mesa com o intuito de conseguir silêncio, desistiu e resolveu tirar uma sesta enquanto as coisas não se acalmavam. A platéia estava dividida. Metade queria condenar Alexsofu e a outra metade absolvê-lo. Este último grupo acreditava, sem contestação, nas palavras de Adis Adeba, mesmo ele não tendo explicado o porquê de sua afirmação. "Se ele diz que o cavernoso é inocente, então é porque ele é, p****!" O grão-marechal era tido por todos como homem probo, honesto e incorruptível. A parte da platéia que queria condenar Alexsofu alegava que o grão-marechal, embora não estivesse mancomunado com o inimigo, ainda estava claramente bebado e inventando contos que o fizessem crer que era um herói. Coisa de bêbedo mesmo. As partes não se entendiam. A decisão judicial não tinha mais nenhum valor depois da surpreendente intromissão. O que importava agora era o que cada um entendia como justo. Cadeiras voavam. Sangue, muito sangue! O famoso quebra-pau generalizado. A mais velha e tradicional maneira de resolver pendengas. Zwangsgewalt ficara confuso e sem ação diante de toda aquela atrocidade cometida por todos os presentes contra a ordem. Ele lamentava a situação em pensamento: "E pensar que tudo isto aqui poderia ter sido evitado caso Adis Adeba não tivesse falecido logo quando ia revelar a tal da verdade. Ainda que acreditassem que ele estava bêbado, bastaria esperar uns dias e perguntá-lo novamente qual a tal verdade. Se ele estava bem ou se foi tudo uma invenção. Agora ninguém quer esperar. Não há mais como provar nada. A dúvida reina e a barbárie impera."

Cena VIII - Run To The Hills: Alexsofu pode ser burro e selvagem talvez, mas não é besta. Além disso, tem instinto de sobrevivência aguçado por anos na selva. Um quebra-pau retado, juiz dormindo, alguns tão inflamados que já queriam matá-lo ("É tudo culpa daquele corno ali!") pra resolver tudo logo, seguranças tentando pacificar a situação e Zwangsgewalt pensando na morte da bezerra...

Cena IX - Agora vai?: "Cadê aquele 'fio da égua'?" Dez minutos após Alexsofu passar o sebo nas canelas (expressão surgida na época dos escravos. Eles passavam sebo nas canelas para avançarem mato a dentro em velocidade e sem sentir dor nas pernas quando elas batessem nas folhas e insetos) em direção as colinas que só ele sabe escalar. "Diabo! O cabra sumiu!" Aos poucos, todos começaram a perceber que o motivo da briga havia picado a mula e já se encontrava bem longe, sabe-se lá onde (eu sei), dali. A todos os presentes isso pareceu um motivo razoável para se interromper abruptamente a pancadaria geral. Não havia mais motivo para tal. Todos atônitos. Ninguém sabe o que fazer. Eis que chega o grão-duque-marechal-geral das Forças Adjacentes, o mexicano Paul Torrado. "Mas que diablos se pasa aquí? Parece até que eston en la playa!" Praticamente todos reconhecem o chefe supremo que antes só viam por fotografias e ficam de joelhos. "Bundulundungum me dise qué viesse rápido y no entiendi nadie. Chego aquí e acho isso. Qué se passa?" O comandante botswanês explica à eminente figura que descobriu-se, na noite de natal, que Alexsofu era, na verdade, um traidor e narra todo o acontecido até o presente momento. "Dios! Adis Adeba es miesmo un tapado! Me dise a min que habia tenido un éxito completo. Me despreocupé. Debe terner sido después de la cachaça. Cretino!" Eis que Bungulungudum pergunta: "Devemos organizar uma expedição para encontrá-lo e prendê-lo?" "No! Estás loco? Y miesmo que quisésemos, no más encontraríamoslo" responde rispidamente Torrado. "Por otra parte, ustedes aunque no saben de la vierdadera verdad! Yo voy les contar..."

Cena X - Agora com tradutor: "No se puede... Ops... Não se pode tirar conclusões precipitadas como vocês tiraram. Tudo era um plano meu e do grão-marechal Adeba. Nós contratamos (capturaram na verdade) Alexsofu, educamos ele, combinamos um plano e jogamos ele próximo a selva holandesa. Os holandeses o acharam, acharam que educaram ele e que ele iria trabalhar para eles. O plano que combinei com Alexsofu era o seguinte: ele iria se infiltrar, do modo como de fato aconteceu, investigar tudo o que pudesse, iria dar um jeito de pedir, após ganhar confiança e parecer já civilizado aos holandeses, para trabalhar de espião para eles. Ele iria dar essa idéia. Os holandeses iriam achar uma boa e mandar Alexsofu de volta para nós em segurança, achando que ele ia nos espionar. Era o modo que eu tinha de mandar um espião e recebê-lo de volta sem perigo. Se ele fugisse sem dar explicações ficaria marcado ou mesmo poderia acontecer alguma coisa na fuga. Fazia parte da parte seguinte do plano mandá-lo para destruir a terrível ameaça, caso ele chamasse a atenção e fosse pego durante essa fase e antes de eliminar o alvo, o que ainda bem que não aconteceu, poderia, ainda, usar a desculpa de que voltou, com um amigo, do seu trabalho de espionagem e passar informações quaisquer pra tapear os holandeses, o que não precisou. O negócio deu certo, Alexsofu voltou em segurança, só que o burro não tinha anotado (nem na mente) os detalhes da base deles. Ele havia esquecido. Por isso, mandei o incompetente a um lugar próximo para tirar fotos da base pelo alto e ver seus detalhes com o binóculo, lembram? Quando reuni todas as informações necessárias, ordenei a batalha final e os dois guerreiros deram conta do recado. Encarreguei Adeba de explicar tudo isso que estou explicando agora, mas o idiota começou a beber antes do final da batalha. Aí não dá! Quis manter em segredo para que houvesse o menor risco possível dessa informação cair nas mãos do inimigo. Vai que eles tivessem um espião também entre nós? Ou mesmo um tagarela saísse espalhando por aí? Devido a isso, ficou tudo entre mim e Adeba. Sobre Alexsofu, pensei que esse negócio de ressocialização fosse algo mais simples. Sinceramente, não esperava que ele desse uma louca e matasse Matossas naquele dia, mas como ele era essencial ao plano, o Adeba tomou a correta decisão de não puni-lo, mas também não precisava exagerar condecorando-o. Não sei o que é que o Adeba tinha na cabeça! Estranho foi que o Alexsofu não se defendeu nenhuma vez da acusação pelo que Bulundungunlum acabou de me contar. Foi isso mesmo? Nem depois que o Adeba faleceu, segundo vocês, a minutos atrás? Ele sabia que o Adeba ia revelar tudo logo após a batalha final. Depois que ele caiu duro, Alexsofu devia ter gritado a verdade que Adeba não pôde contar. Vai ver ficou com medo de ninguém acreditar nele, se assustou coitado. Pode ser também que Alexsofu esteja confuso com as mudanças rápidas ao ponto de nem ele mesmo saber de que lado está afinal. Eu deveria ter me preocupado com isso, desconfiado de que um ex-selvagem poderia ficar meio maluco com tão modernas táticas de combate. Ele deve ter concluído que era melhor voltar a vida de selvagem e achá-lo de novo será quase impossível. Uma pena!"

Cena XI - Welcome To The Jungle: Alexsofu está de volta ao lar. Cansou daquela doideira. Já se passaram quatro dias desde que deixou a tal civilização. Quatro dias de paz. Pra ele tava ótimo, nada pra reclamar. Ficou esses dias sem lamber sapo alucinógeno e teve certeza de que era inocente e de que o segundo estalo fora real, mas, decidiu que mesmo que não houvesse risco de voltar (pensou que certamente não haveria, pois, a uma altura daquela, Torrado já haveria de ter explicado tudo) ficaria na selva mesmo. Era tudo bem menos complicado. Achava os homens da selva de pedra meio "desevoluídos". Seres confuseiros mesmo, que não entendem o simples do simples. Haviam convencido ele de que aquilo tudo do mundo civilizado era legal. Ele, por ser um rapaz meio curioso e ingênuo, botou fé e experimentou. Agora fez sua escolha. Certamente definitiva.

End Scene - Festa: Como toda boa (boa?!) novela da Globo, esta aqui também termina numa festa feliz com todo mundo comemorando a beleza que é a vida. Uma celebração linda de fazer até Nietzsche chorar (do que trata aquele livro "O dia em que Nietzsche chorou"?). Depois da tragédia do julgamento (dez mortos e dezoito feridos gravemente) nada melhor que uma festa de comemoração por tudo ter se esclarecido. Até brinde a Alexsofu teve. Pena que Zwangsgewalt não gostou e tomou os copos de quem brindou e quebrou violentamente todos eles nas cabeças dos animadinhos. Ora, foi ele quem deu o golpe de misericórdia na batalha e tudo. Além disso, Zwangs é tão chato que dói. Alguns acharam que ele tinha razão, outros acharam um exagero. Os grupos se dividiram numa discussão que... Digamos... Evoluiu para uma batalha com garrafas, socos, pontapés e golpes baixos.

O time anti-Zwangsgewalt estava levando uma porrada feia, afinal, Zwangs luta feito o demônio, mas... Eis que surge velozmente das selvas, tal como uma ave de rapina, Alexsofu! Pois, ele já chegou foi de voadora, bagunçando geral e equilibrando a parada. Bem, pode-se dizer que desde então... TODOS VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE!

FIM

Moral da história: Como diria o grande mestre do humor trash: Uma coisa é praticamente uma coisa. Outra coisa é praticamente outra coisa!